Me engana que eu gosto…

por Marcos Coimbra, no Correio Braziliense 

Será amnésia? Desinformação? Ou apenas nossa velha conhecida, a vontade que a realidade seja como desejada?

Quem lê a abundante produção de nossos comentaristas políticos a respeito das eleições municipais recém concluídas não deve estar entendendo nada. Afinal, tudo que sabíamos sobre elas estava errado?

Não somos, propriamente, novatos na matéria. Se contarmos as que ocorreram desde a redemocratização, já são 8, cobrindo um período de quase 30 anos. Domingo passado, não era a primeira vez que as fazíamos.

Somos, portanto, tarimbados o suficiente para esperar mais discernimento na hora de interpretá-las.

Se há uma coisa que temos obrigação de saber sobre a relação entre a escolha de prefeitos e a de presidente da República é que ela inexiste. Só quem tomou bomba na escola primária da política ignora fato tão básico.

Parece, no entanto, que nossos analistas se esqueceram disso.

Tanto que quase tudo que vêm publicando versa sobre as consequências das eleições deste ano na definição de quem ocupará o Palácio do Planalto a partir de 2015. Reeditam a teoria do “primeiro capítulo”, que assegura que a eleição municipal “antecipa” a presidencial.

O problema dela é ser errada, com ampla evidência a demonstrá-lo.

Nenhuma das eleições presidenciais brasileiras modernas foi “antecipável” pelo ocorrido dois anos antes, quando o eleitorado, pensando em uma coisa completamente diferente, procurou identificar os melhores candidatos a prefeito e vereador nas cidades.

Collor não “tinha” mais que meia dúzia de prefeitos – fora em Alagoas – quando se lançou. Fernando Henrique ganhou e se reelegeu sem precisar de “prefeitama” nenhuma.

Na eleição de Lula, a vastíssima maioria dos prefeitos estava com Serra, que pilotava uma coligação imensa, congregando todos os partidos mais bem sucedidos na eleição de 2000 – incluindo os três maiores no número de prefeitos, PSDB, PMDB e PFL.

Na reeleição e com Dilma, a importância do tamanho das “bases municipais” voltou a se mostrar pequena.

Em que pese o óbvio, a mídia anda cheia de especulações sobre os impactos de 2012 em 2014. Talvez porque nossos comentaristas desejam que existam e modifiquem o cenário mais provável.

Qual o critério para definir os “grandes vencedores” de 2012? Ter feito mais prefeitos e vereadores, vencido em mais capitais, tido a maior taxa de crescimento, conquistado as prefeituras das capitais mais importantes, se desempenhado melhor em cidades médias, tido a performance mais bem equilibrada nas regiões do País? Ou haver conseguido a melhor combinação disso tudo?

PSD e PSB, entre os partidos médios, fizeram um bom número de prefeitos. O PSDB venceu em duas capitais do Norte e duas do Nordeste. São do PSB os prefeitos de cinco capitais, do PMDB os de duas, do PT os de quatro. O PTC venceu em uma.

E daí?

No plano objetivo, nada. Em primeiro lugar, porque, para a imensa maioria dos eleitores, o voto no prefeito nada tem a ver com o voto na eleição presidencial. Em segundo, porque é ínfima a proporção que escolhe o candidato a presidente “por influência” do prefeito.

No máximo, a eleição municipal projeta uma imagem de vitória. Como em alguns casos simbólicos – vencer em São Paulo, por exemplo.

É, talvez, por ter Fernando Haddad vencido na cidade que os analistas da mídia conservadora andam tão ansiosos à cata de qualquer “vencedor” que não seja o PT.
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LULA E O EXORCISMO QUE VEM AÍ

O mesmo “salvacionismo militante” em 1964

Por Luiz Carlos Azenha, no seu porta “Viomundo”

“Uma capa recente do ‘Estadão’ resumiu, de forma enxuta, os caminhos pelos quais a oposição brasileira pode enveredar para tentar interromper os 12 anos do domínio da coalizão encabeçada pelo PT no governo federal.

De um lado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugeria renovação do discurso do PSDB.

De outro, um novo depoimento de Marcos Valério no qual ele teria citado o nome do ex-presidente Lula:

Valério foi espontaneamente à Brasília em setembro acompanhado de seu advogado Marcelo Leonardo. No novo relato, citou os nomes de Lula e do ex-ministro Antonio Palocci, falou sobre movimentações de dinheiro no exterior e afirmou ter dados sobre o assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel”.

Curiosamente, no dia seguinte, acompanhei de perto uma conversa entre quatro senhores de meia idade em São Paulo, a capital brasileira do antipetismo, na qual um deles argumentou que Fernando Haddad, do PT, foi eleito novo prefeito da cidade por causa do maior programa de compra de votos já havido na República, o “Bolsa Família”. Provavelmente, leitor da “Veja”, ele também mencionou entrevista “espírita” dada por Marcos Valério à revista, na qual Lula teria sido apontado como chefe e mentor do mensalão.

Isso me pôs a refletir sobre os caminhos expressos naquelas manchetes que dividiram a capa do “Estadão”.

Sobre a renovação do discurso do PSDB, sugerida pelo ex-presidente FHC, pode até acontecer, mas não terá efeito eleitoral. O PT encampou a socialdemocracia tucana e, aliado ao PMDB, ocupou firmemente o centro que sempre conduziu o projeto de modernização conservadora do Brasil. Ao PSDB, como temos visto em eleições recentes, sobrou o eleitorado de direita, o eleitorado antipetista representado pelos quatro senhores de meia idade e de classe média que testemunhei conversando no Pacaembu.

Estimo que o eleitorado antipetista represente cerca de 30% dos votos em São Paulo, capital, talvez o mesmo em outras metrópoles. Ele alimenta e é alimentado pelos grandes grupos de mídia, acredita e reproduz tudo o que escrevem e dizem os colunistas políticos dos grandes jornais e emissoras de rádio e TV. Há, no interior desse grupo de 30% dos eleitores, um núcleo duro dos que militam no antipetismo, escrevendo cartas aos jornais, ‘trabalhando’ nas mídias sociais e participando daquelas manifestações geralmente fracassadas que recebem grande cobertura da mídia do “Instituto Millenium”.

Esse processo de retroalimentação entre a mídia e os militantes do antipetismo é importante, na medida em que permite sugerir a existência de opinião pública que reflete a opinião publicada. É por isso que os mascarados de Batman, imitadores de Joaquim Barbosa, aparecem com tanta frequência na capa de jornais; é por isso que os jornais escalam repórteres e fotógrafos para acompanhar os votos de José Dirceu e José Genoíno e geram um clima de linchamento público contra os condenados pelo STF; é por isso que os votos de Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski nas recentes eleições foram usados de forma teatral para refletir a reação da “opinião pública” (de dois ou três, diga-se) ao “mocinho” e ao “bandido” do julgamento do mensalão. Curiosamente, ninguém se interessou em acompanhar os votos de Luiz Fux e Rosa Weber.

O antipetismo é alimentado pelo pensamento binário do “nós contra eles”, pelo salvacionismo militante segundo o qual, do combate às saúvas lulopetistas, dependem a “Família, a Pátria e a Liberdade”.

Marcha “Com Deus, pela Família, a Pátria e a Liberdade”, em 1964

Criar essa realidade paralela é importante. Em outras circunstâncias históricas, foi ela que permitiu vender a ideia de que um governo popular estava sitiado pela população. Sabe-se hoje, por exemplo, que João Goulart, apeado do poder pelo golpe cívico-militar de 1964 com suporte dos Estados Unidos, tinha apoio de grande parcela da população brasileira, conforme demonstram pesquisas feitas na época pelo Ibope, mas nunca divulgadas (por motivos óbvios).

Hoje, o mais coerente partido de oposição do Brasil, a mídia controlada por meia dúzia de famílias, forma, dissemina e mede o impacto das opiniões da militância antipetista. O consórcio midiático, no dizer da “Carta Maior”, produz a norma, abençoa os que se adequam a ela (mais recentemente, a ministra Gleisi Hoffmann, que colocou seus interesses particulares de candidata ao governo do Paraná adiante dos do partido ao qual é filiada) e pune com exílio os que julga “inadequados” (o ministro Lewandowski, por exemplo).

Diante desse quadro, o Partido dos Trabalhadores, governando em coalizão, depende periodicamente de vitórias eleitorais como uma espécie de salvo conduto para enfrentar a barulhenta militância antipetista.

Essa sonha com as imagens da prisão de José Dirceu, mas quer mais: o ex-presidente Lula é a verdadeira encarnação do Mal. É a fonte da contaminação do universo político — de onde brotam águas turvas, estelionatos como o “Bolsa Família” e postes eleitorais que só servem para disseminar o Mal.

O antipetismo é profundamente antidemocrático, uma vez que julga corrompidos ou irracionais os eleitores do PT. Corrompidos pelo “estelionato eleitoral” do “Bolsa Família” ou incapazes de resistir à retórica demagoga e populista do ex-presidente Lula e seus apaniguados.

A mitificação do poder de Lula, como se emanasse de alguém sobrehumano, é essencial ao antipetismo. Permite afastar o ex-presidente de suas raízes históricas, dos movimentos sociais aos quais diz servir, desconectar Lula de seu papel de agente de transformação social. O truque da desconexão tem serventia dupla: os antipetistas podem posar de 'defensores do Bem' sem responder a perguntas inconvenientes. Quem são? A quem servem? A que classe social pertencem? Qual é seu projeto político? Quais são suas ideias?

A crença de que vencer eleições, em si, será suficiente para diminuir o ímpeto antipetista poderá se revelar o mais profundo erro do próprio PT diante da conjuntura política. O antipetismo não depende de votos para existir ou se propagar. Estamos no campo do simbólico, do quase religioso.

Os quatro senhores do Pacaembu, aos quais aludi acima, estavam tomados por uma indignação quase religiosa contra Lula e o PT. Pareciam fazer parte de uma seita capaz de mobilizar todas as forças, constitucionais ou não, para praticar o exorcismo que é seu objetivo final. Como aconteceu às vésperas do golpe cívico-militar de 64, o que são as leis diante do imperativo moral de livrar a sociedade do Mal?”

FONTE: escrito pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, no seu portal “Viomundo”  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/lula-e-o-exorcismo-que-vem-ai-por-luiz-carlos-azenha). [Imagens do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].
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QUANDO “TEORIAS CONSPIRATÓRIAS” SE REVELAM CONSPIRAÇÕES REAIS

Por Eduardo Guimarães


“Os leitores deste Blog [“Cidadania.com”] sabem muito bem o quanto ridicularizaram “por aí” os avisos que venho dando há anos de que o golpismo “a la 1964” vem marchando no Brasil desde 2005, na melhor das hipóteses.

E não foram só os adversários políticos que fizeram pouco dos meus avisos. Congêneres político-ideológicos também juravam que não haveria “clima” para golpismo hoje em dia.

A minha premissa era – e continua sendo – muito simples: uma vez golpista, sempre golpista. Ou seja: por que uma direita que até hoje defende o golpe de 1964 e continua chamando a resistência a ele de “terrorismo” não estaria “aberta” a novas aventuras daquele naipe?

Por muito menos do que os governos Lula e Dilma fizeram em termos de distribuição de renda, a direita midiática – que continua congregando militares, “imprensa”, Judiciário e elites econômicas e étnicas – deu golpe há 48 anos.

E as coincidências não param por aí. Como bem lembrou em artigo o colega de blogosfera Luiz Carlos Azenha, o presidente deposto Jango Goulart desfrutava de alta popularidade quando Globo, Folha de São Paulo, Estadão, empresários e militares deram o golpe.

Matéria da "Folha de São Paulo" de 2003 revelou que pesquisas Ibope feitas às vésperas do golpe de 1964, e nunca divulgadas, mostravam que Jango contava com amplo apoio popular ao ser deposto.

O Ibope dizia que 15% consideravam o governo Jango ótimo, 30% bom e 24% regular. E, a exemplo de hoje, para míseros 16% era ruim ou péssimo. Além disso, 49,8% dos pesquisados admitiam votar nele contra 41,8% que rejeitavam a possibilidade.

Qualquer semelhança com o que está ocorrendo hoje não é mera coincidência.

Por que são feitos golpes de Estado? Ora, porque quem golpeia não tem perspectiva de chegar ao poder pelas urnas. Os golpes são a radicalização contra a política.

Ou você acha que a mídia vendeu à toa a farsa de que a abstenção nas últimas eleições cresceu muito? Cresceu coisa nenhuma. Em verdade, deveu-se a cadastros desatualizados da Justiça Eleitoral que contam até os mortos.

Foi preciso o Supremo Tribunal Federal jogar a Constituição no lixo mandando políticos para a cadeia por “verossimilhança” das acusações oposicionistas-midiáticas contra eles para que, ao menos entre a esquerda, praticamente desaparecessem os que diziam que eu construía “teorias conspiratórias”.

Note-se que, quando me refiro à esquerda, não incluo partidos como o PSOL, que teve dois de seus principais expoentes declarando apoio ao político mais conservador e reacionário do país.

Plínio de Arruda Sampaio, candidato a presidente pelo PSOL em 2010, e Chico de Oliveira, sociólogo, fizeram juras de amor a José Serra e, praticamente, se engajaram em sua campanha, além de serem bonecos de ventríloquo da mídia.

Sim, psolistas ficaram ao lado do candidato que inventou o “kit-gay” e que se agarrou nas barras das batinas e nas bíblias que pôde desde 2010 até hoje. Sem falar que disputam a tapa os favores do Partido da Imprensa Golpista.

Não é à toa que a militância do PSOL nas redes sociais esteve à frente até da ultradireita ao classificar meus avisos quanto ao golpismo como “teorias conspiratórias”. E não é à toa que essa militância vem atuando no sentido de criminalizar a política.

E para que criminalizar a política? Ora, porque se o povo não sabe escolher políticos, o jeito é deixar alguma instituição escolhê-los e lhes impor limites à atividade – ontem, foram os militares; hoje, é o Judiciário.

Vejam que o cronograma do golpe vai sendo seguido. Primeiro, José Dirceu; agora, Lula; em breve, Dilma.

Ora, o STF e o Procurador-Geral da República deveriam ser os primeiros a nem sequer considerar as supostas acusações de Marcos Valério contra Lula. Ou será que eles ignoram que o ex-presidente os indicou sem tomar o menor cuidado em saber suas posições políticas?

Pergunta: um político que estivesse “roubando” indicaria pessoas “independentes” para cargos que lhes permitiriam pegá-lo no pulo?

Disse e repito: teorias conspiratórias só existem porque as conspirações reais também existem. Como essa em curso. Tão clara que só não vê quem não quer e que cada vez mais gente a enxerga.”

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania.com”  (http://www.blogdacidadania.com.br/2012/11/quando-teorias-conspiratorias-se-revelam-conspiracoes-reais/).
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OS JUROS NO BRASIL, por Delfim Netto

JUROS ALTOS, AINDA…

Por Delfim Netto, na revista “Carta Capital”

“Economistas e analistas do mercado financeiro teimam em afirmar que os juros no Brasil estão exageradamente baixos. São opiniões respeitáveis, de pessoas competentes, mas que deveriam reconhecer a tentativa de apenas “chutar o balde”… Não existe nenhuma razão objetiva para dizer que, no Brasil, os juros reais estejam suficientemente baixos. É verdade, os juros se reduziram recentemente (e devem continuar baixando), mas ainda estão muito altos quando confrontados com a realidade mundial. Basta observar a grande maioria dos países.

Hoje, temos taxa de juros real próxima de 2%, o que nos deixa relativamente longe da taxa de juros real do mercado internacional, às voltas de 2% negativos. O atual diferencial entre o juro real interno e o externo é parecido, portanto, com 4%.

O movimento de capitais continua funcionando. Em ambiente de política cambial defensiva, aquele diferencial deixa ainda margem para a exploração (no sentido de “pesquisa”, “sondagem”, acompanhando o nosso Aurélio) de oportunidades lucrativas para o capital estrangeiro de curto prazo, principalmente nas atuais circunstâncias em que o mundo ameaça submergir na enxurrada de liquidez produzida externamente.

O Brasil sustentou, durante anos (duas décadas ao menos!), a maior taxa de juros real do universo conhecido, estimulando movimento de capitais especulativos que ajudou a supervalorizar a taxa de câmbio real e aprofundou os inconvenientes da redução global da atividade produzida pelo controle monetário. Quem pagou mais caro por isso foi o setor da manufatura nacional. O diferencial persiste bem menor, mas o controle cambial, a meu ver, retira riscos maiores de movimentos especulativos no curto prazo.

A ideia de que a economia brasileira precisa de juros acima do normal ocupou a mente de um número muito grande de economistas brasileiros, em boa época para se ganhar dinheiro, na qual nada do que foi produzido justifica a sua defesa. Não conheci nenhum estudo acadêmico capaz de ser digerido. Li, nesse período, trabalhos recheados de conteúdo fantasmagórico, verdadeiras barbaridades do ponto de vista teórico, e absurdos do ponto de vista econométrico.

Todos tentando defender a festa dos juros, quando não existe nenhuma estimativa razoável de qual seja a “taxa de juros neutra”, quer dizer a taxa de juros que, eles imaginam, não aceleraria a inflação. Era uma concepção puramente teórica: os países testam até hoje movimentos completamente diferentes, porque o mundo mudou.

A taxa de juros foi posta no nível atual por um erro de política monetária. Havendo dúvida sobre o financiamento da dívida pública, foram instituídos papéis com correção diária (Letras do Tesouro Nacional, as LFTs), que agora o governo Dilma está reduzindo.

Não existe nenhuma sustentação teórica ou demonstração empírica para garantir que o Brasil não possa ter uma taxa de juros de 2%. Há argumentos ridículos, repetidos em estudos mais recentes, usando modelos que introduzem o custo-Brasil externo em comparação com a evolução da Libor (a antes “respeitável” London Interbank Offered Rate), que hoje se sabe produziu índices eivados de falsidades. Esperava-se um pouco mais de moderação, de humildade, menos desrespeito ao conhecimento das pessoas.

Qualquer um pode dizer: “Não gosto de juros reais de 2%, prefiro de 5%”, o que é um direito dela até certo ponto respeitável. Absurdo é afirmar peremptoriamente, como se fosse produto de conhecimento científico, que o Brasil não pode ter taxa de juros real abaixo de 5%. Isso não existe nem mesmo como convicção religiosa. De ciência, não tem nada.

A política monetária avançou muito nos últimos anos, desde quando os bancos centrais eram “templos” onde se praticava arte esotérica ao alcance apenas de alguns iniciados e era mantida no maior segredo. A prática monetária tinha um dialeto próprio, usado mais para esconder as ideias (quando elas existiam!) do que para explicar os fundamentos das medidas.

Em nossos dias, especialmente na gestão de Alexandre Tombini, que organizou competente equipe, passou a prevalecer a transparência e a comunicação aberta e fácil, o apanágio da nova política monetária.”

FONTE: escrito por Delfim Netto, na revista “Carta Capital”, e transcrito no portal de Luis Nassif  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/os-juros-no-brasil-por-delfim-netto). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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A OTAN ROUBOU US$ 150 BILHÕES DA LÍBIA?

ROUBARAM 150 BILHÕES DE ATIVOS LÍBIOS, “CONGELADOS” NOS BANCOS ESTRANGEIROS


Do “Voz da Rússia”

SERÁ QUE A OTAN ROUBOU 150 BILHÕES DA LÍBIA?

“Existem duas consequências da campanha militar da OTAN na Líbia que merecem atenção especial:

Primeira: o prejuízo causado pela aviação da OTAN supera sete vezes o dano causado durante a Segunda Guerra Mundial por aviões do marechal hitleriano Rommel.

Segunda: desapareceram 150 bilhões de dólares de ativos líbios, “congelados” outrora nos bancos estrangeiros.

Esses dados constam no livro “Derrubamento de Muamar Kadhafi. Diário líbio. 2011–2012”, de autoria de Anatoli Egorin, pesquisador-sênior do “Instituto de Estudos Orientais” junto da “Academia de Ciências da Rússia”. O livro foi apresentado em Moscou. Esse é o primeiro estudo geral da tragédia líbia, realizado na Rússia.

As destruições são consequência de qualquer guerra. Aliás, visto que a OTAN tinha obtido mandato apenas a implantação de "uma zona de interdição de vôos", as destruições não poderiam adquirir tamanha envergadura. Apesar disso, os ativos líbios de 150 bilhões de dólares, depositados nos bancos estrangeiros, seriam suficientes para cobrir esse prejuízo ou, pelo menos, uma parte dele. No entanto, o dinheiro desapareceu sem deixar pistas. Impõe-se questão natural: como pôde ocorrer uma coisa desta?

Eis a opinião a este respeito de Anatoli Egorin, autor do “Diário Líbio”.

"Esse dinheiro começou a desaparecer gradualmente quando começou a campanha contra Muammar Kadhafi e ficou claro que a OTAN não pretendia deixá-lo no poder. Ninguém sabe ao certo, aonde e como esse dinheiro se foi. Existem apenas informações esporádicas da imprensa, de que esses meios eram retirados por bancários ocidentais e “lavados” através de zonas de offshore. Agora, fazem-se de tentativas de descobrir aonde tinha ido o dinheiro líbio, mas, na minha opinião, as chances de que ele seja encontrado são mínimas."

A chefe da “Associação Internacional de Criação da Democracia na Líbia” Fátima Abu an-Niran acata uma opinião bem semelhante.

"Com efeito, na Líbia foi pilhado tudo que se podia pilhar. Tudo isso ocorria aos olhos do mundo inteiro e ninguém disse uma única palavra de condenação. Essas acusações não são vãs. O antigo chefe do Banco Central do país confirmou esse fato. Não se trata apenas de 150 bilhões de dólares que se encontravam nas contas dos bancos estrangeiros. O processo de fuga do dinheiro líbio para o estrangeiro, incluindo a fuga por vias ilegais, continua. Tudo isso tem, como pano de fundo, os choques entre as tribos e o poder quase ilimitado de milícias locais, que fazem o que bem entendem com os que não lhes convêm. Agora, está claro que o objetivo da invasão da OTAN não foi absolutamente a implantação da democracia na Líbia, como afirmava outrora a direção dessa aliança. Pelo menos agora, todos podem ver que o verdadeiro objetivo era pilhar o país."

Precisamente por isso, se nota, cada vez mais, que o Ocidente não está mais interessado no destino da Líbia, na qualidade daquele Estado. Quanto aos novos governantes da Líbia, eles estão empenhados, já há um ano, em dividir entre si os postos.”

FONTE: do “Voz da Rússia”. Transcrito no portal de Luis Nassif  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-ocidente-nao-esta-mais-interessado-na-libia).
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