DIREITOS HUMANOS NOS EUA, SEGUNDO A RÚSSIA

Delegado dos direitos humanos da diplomacia russa, Konstantin Dolgov. Foto: Kommersant

RELATÓRIO DE DIREITOS HUMANOS NOS EUA PUBLICADO PELA RÚSSIA

Do "Gazeta Russa"

NENHUM PAÍS PODE SERVIR DE MODELO DE DEMOCRACIA

Por Elena Chernenko, do jornal russo “Kommersant

Diplomata russo fala sobre relatório referente à situação dos direitos humanos nos Estados Unidos elaborado pela Rússia.

“Na semana passada, a Duma de Estado (câmara baixa do parlamento russo) aprovou o primeiro relatório sobre a situação dos direitos humanos nos Estados Unidos elaborado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

O coordenador do relatório e delegado dos direitos humanos da diplomacia russa, Konstantin Dolgov, explicou, em entrevista ao jornal “Kommersant”, por que Moscou resolveu produzir o documento no qual critica a administração norte-americana.

Kommersant: Como surgiu a ideia de fazer um relatório sobre os EUA?

Konstantin Dolgov: Os EUA continuam, sem razão, colocando-se como autoridade absoluta e líder inquestionável nas questões da democracia e direitos humanos. Muitas vezes, suas tentativas beiram a interferência direta nos assuntos internos. Infelizmente, a Rússia já se deparou com esse problema. No entanto, segundo nosso relatório, os próprios norte-americanos enfrentam problemas muito complicados em termos de direitos humanos.

Kommersant: Onde conseguiram informações para tirar essas conclusões?

K.D.: Em fontes do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, de organizações não governamentais diversas, como a “Human Rights Watch” e a “Anistia Internacional’, e de associações internacionais de jornalistas. Nesse ano, os EUA caíram 27 posições no ranking anual de liberdade de imprensa da conhecida organização internacional “Repórteres sem Fronteiras”, ficando com o 47º lugar.

Kommersant: Mas a Rússia está em 142º lugar nesse ranking...

K.D.: Sim, a Rússia está abaixo dos EUA na classificação. Mas há quanto tempo a Rússia está no caminho do desenvolvimento democrático? E os EUA? Não dá para comparar.

Kommersant: O senhor acha que os EUA não podem servir de modelo de democracia?

K.D.: É isso mesmo. Nenhum país pode servir de modelo de democracia. Nem os EUA, nem a França, nem a Suíça. Os problemas existem em todos os países, diferenciando-se pelo tamanho e natureza. Portanto, nenhum país tem o monopólio sobre os cânones dos direitos humanos.

Kommersant: O senhor não acha que o fato de a Rússia começar a criticar outros países por problemas em termos de direitos humanos dará ao Ocidente motivo para aumentar suas críticas em relação à Rússia?

K.D.: Será que é possível aumentá-las ainda mais? As críticas lançadas contra a Rússia pelos EUA e alguns países da UE são tão exageradas que é impossível haver críticas maiores. No entanto, não temos medo disso. Reagimos de forma contida a muitos relatórios críticos sobre a situação em nosso país.

Kommersant: Costumamos dizer que eles são injustos...

K.D.: Quando são injustos, dizemos isso. Bem, por exemplo, alguns relatórios anuais do departamento de Estado dos EUA sobre a liberdade religiosa no mundo repetiam a cada ano uma tese que não tinha, havia muito tempo, nada a ver com a situação real na Rússia. No mais recente relatório, a diplomacia americana reconheceu, até certo ponto, tal fato.

Kommersant: O relatório russo não estaria também interferindo nos assuntos internos dos Estados Unidos e, portanto, violando sua soberania?

K.D.: A Rússia não diz que a crítica em si é uma interferência. No entanto, algumas ações resultantes das críticas podem vir a constituir uma intervenção nos assuntos internos. Se começássemos a prestar ajuda financeira a algumas organizações não governamentais norte-americanas para a concretização de projetos políticos específicos, isso poderia ser acolhido como interferência nos assuntos internos.

Kommersant: Haverá novos relatórios do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia sobre a situação dos direitos humanos no mundo?

K.D.: Sim, o próximo relatório pode ser lançado muito em breve.”

FONTE: entrevista conduzida por Elena Chernenko, publicada no jornal russo “Kommersant” e no “Gazeta Russa”. Transcrita no portal de Luis Nassif  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/relatorio-de-direitos-humanos-nos-eua-publicado-pela-russia).
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DUAS ELEIÇÕES DEFINITÓRIAS: ALEMANHA E EUA

Obama e o Bundestag (ao fundo)

Do “Policy Network - State of the Left” [Estado da Esquerda]

O mundo político está às vésperas de duas eleições definitórias, uma de cada lado do Atlântico: Obama vs Romney nos EUA, nesta semana; e, em 2013, Merkel vs Steinbrück, na Alemanha.

Nos dois casos, a disputa acontece segundo linhas cada vez mais claramente partidarizadas: no centro do palco, travam-se batalhas políticas e ideológicas em torno de um eixo-pivô esquerda/direita.

Nos EUA, o debate está sendo feito em torno do papel do governo e do tamanho do orçamento federal. Na Alemanha, a eleição ocorre em momento de decisão crucial sobre o projeto europeu: os últimos seis meses dão testemunho dos limites da luta solitária de François Hollande para alterar a rota; uma vitória de Steinbrück na Alemanha pode garantir o espaço necessário para abordagem genuinamente nova na crise da eurozona.

A mesma superdivisão partidarizada vê-se hoje em toda a Europa depois de uma era definida pelo consenso político e pela "triangulação" [1]. Partidos políticos de centro-esquerda na oposição endureceram o jogo, mas, como mostram os analistas do blog “State of the Left” [Estado da Esquerda], ainda têm longo caminho a trilhar, para efetivamente escapar ao golpe devastador de outra derrota, na sequência de período que se deve prever longo, de ‘austeridade’ comandada pela direita.

Sinal positivo é a entrada do Partido Trabalhista Alemão no governo de coalizão e a deriva “pós-populista” das tendências eleitorais dominantes. Como alerta, no contra-pé dessa deriva bem-vinda, deve-se considerar a extrema vulnerabilidade do sistema político italiano, ainda sem meios para proteger-se contra o massacre por atores antipolíticos e populistas.

Em “Policy Network” reunimos fatos e personagens chaves, relacionados aos partidos da social-democracia em todo o mundo. Os internautas encontram ali resultados de pesquisas recentes de intenção de voto em vários países europeus, opinião e tendências ao longo do tempo e podem ler ou reler os manifestos dos partidos.”

NOTA DOS TRADUTORES

[1] Orig. “Triangulation”: é o nome dado ao que faz o candidato, em disputa política, que se apresente como “acima” e “entre” a esquerda e a direita do espectro político tradicional nos EUA e na Grã-Bretanha. Implica adotar parte das ideias de algum adversário (quase sempre adversário apenas aparente). A lógica desse tipo de movimento é que os dois lados recebem créditos pelas ideias do oponente e o “triangulador” fica protegido contra ataques mais virulentos relacionados ao tema “triangulado”.

FONTE: artigo do “Policy Network - State of the Left” [Estado da Esquerda], sob o título original “Two Defining Contests”. Traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e postado por Castor Filho no blog “Redecastorphoto”  (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/11/duas-eleicoes-definitorias-alemanha-e.html).
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A PEDAGOGIA DA DEVASTAÇÃO

Por Saul Leblon


“Influenciados ou não pelo aquecimento do planeta, desastres naturais extremos têm funcionado como uma espécie de voto de Minerva devastador para as dúvidas da sociedade no século XXI. Com alguma precisão, eles despencam em momentos-chave da vida política norte-americana, por exemplo.

Em 2005, o Katrina arruinou e submergiu 80% de New Orleans. Menos de um ano depois da reeleição de Bush, ventos de 175 quilômetros por hora, inundações e fogo, ao mesmo tempo e com igual intensidade, matariam cerca de duas mil pessoas. Em 24 horas, instalou-se a barbárie. Saques, estupros e assassinatos mostraram do que é capaz a anomia em carne e osso: é capaz de ser tão destrutiva quanto a fúria da natureza anabolizada pelo calor irradiado do capitalismo.

Discípulo catatônico da não-intervenção do Estado --exceto em países com reservas de petróleo-- Bush demorou dois dias para romper a letargia ideológica e chegar à região da tormenta.

Em se tratando de uma catástrofe, isso é o suficiente para se produzir outra.

Nenhum poder humano evitaria o Katrina. Mas a lentidão e a incompetência do socorro adicionaram perdas e danos evitáveis se o ocupante da Casa Branca não tivesse banido a presença ativa do Estado da agenda e do imaginário norte-americano.

Na eleição de 2008, o passivo do Katrina, encorpado de um furacão financeiro ainda em curso, refrescou o discernimento dos eleitores.

O custo da omissão pública idealizada em promessas neoliberais de autorregulação da sociedade pelos mercados derrotaria os republicanos para um candidato negro e democrata.

Desta vez, o voto de Minerva chama-se Sandy. Ele acaba de irromper na disputa pela sucessão de Obama trazendo inundações e ventos de 140 km/h na costa leste do país.

Sandy já fez cerca de 85 vítimas.

Porém, fez mais que isso: a ventania incontrolável trouxe do fundo a questão que distingue as duas candidaturas em confronto nas urnas dos EUA neste momento: a do democrata e a do republicano Mitt Romney.

Bilionário egresso das finanças desreguladas, Romney é um ato falho do dinheiro personificado em político.

A transparência de suas gafes e falcatruas fiscais é o maior cabo eleitoral de um Obama empalidecido pelos recuos e refregas do mandato que expira.

Romney declarou, logo no início da campanha, que veria com bons olhos se a “Federal Emergency Management Agency”, a FEMA, agência estatal que coordena o socorro às emergências, fosse, como gostam de dizer os neoliberais aqui e alhures, "descentralizada".

"Sempre que sai da esfera federal para a estadual vai na direção certa e, se puder ir além, e passar para o setor privado, melhor ainda", declarou o republicano resumindo em uma frase seu propósito na Casa Branca.

Na 5ª feira (01/11), a prefeitura de Nova Iorque ignorou os augúrios privatistas de Romney e ordenou às empresas de ônibus que colocassem toda a sua frota na rua. Decidiu que os coletivos circulassem gratuitamente para atenuar o colapso do metrô. Determinou que todos os carros que atravessarem as pontes e túneis de Manhathan transportem, pelo menos, 3 pessoas, forçando a prática da carona.

No mesmo dia, Obama desembarcou em New Jersey, governado por um estridente republicano,um dos críticos mais agressivos ao 'intervencionismo' de sua administração. Foi levar solidariedade, recursos estatais e logística da FEMA para acudir a população que esteve sob o epicentro da tormenta.

Sendo a experiência alheia uma das melhores salvaguardas do futuro, caberia arguir: o que seria de uma cidade como São Paulo, por exemplo, se diante de uma tragédia superlativa, a prefeitura não dispusesse, digamos, de efetivo controle gerencial e logístico sobre o sistema de saúde pública?

Hoje, é isso que acontece com 37 hospitais e 44 unidades de atendimento integralmente terceirizados pelo tucanato a “OS”, de eficácia e lisura contestadas pelo próprio Tribunal de Contas do Estado.

Essa é uma hipótese que ajuda a dimensionar as implicações de um tema que coagulou divergências de fundo entre as candidaturas Serra e Haddad nas eleições municipais do último domingo em SP.

Felizmente, neste caso, não foi preciso um furacão para testar o acerto de cada lado.

As urnas tomaram as devidas precauções.

É necessário, agora, que as retificações de rumo sejam pedagogicamente explicadas e discutidas com a cidade que teve a coragem de dar o primeiro passo.

Não por uma revanche tola em torno de miudeza: é urgente consolidar novas referências entre o poder público e o interesse coletivo, seja na saúde, no transporte, na habitação, na cultura ou na segurança.

São Paulo --o Brasil, de um modo geral-- tem furacões sociais apavorantes embutidos em cada uma dessas esferas.

No filme "Ensaio sobre a Cegueira", baseado no romance de José Saramago, o personagem em fuga pela cidade pergunta à esposa, cuja visão subsiste solitária num mundo que perdeu a capacidade de se enxergar: "Há sinais de governo?".

A resposta é dada pelo passeio da câmera nas ruas de uma metrópole onde bandos esfarrapados e famintos vagam sem destino, num hiato em que o Estado desmoronou e a autorregulação dos mercados não compareceu. É a barbárie.

O noticiário conservador no Brasil inocula na sociedade uma cegueira branca equivalente à fé mercadista de Romney.

A jaula ideológica adensada há décadas precisa ser rompida pelo pluralismo de uma nova regulação da mídia.

De novo, não por qualquer revanchismo tolo. Mas para que o país possa, mais rapidamente, equacionar seus 'furacões' históricos'.”

FONTE: escrito por Saul Leblon no “Blog das Frases”, na “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=1126).
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Meritocracia: uma mentira conveniente

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23% dos brasileiros são corruptos

Lista aponta 10 práticas de corrupção comuns no dia a dia do brasileiro 
Embora legalmente crime envolva agentes públicos, promotor cita desvios de conduta já enraizados na sociedade.
BBC Brasil 

Quase um em cada quatro brasileiros (23%) afirma que dar dinheiro a um guarda para evitar uma multa não chega a ser um ato corrupto, de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais e o Instituto Vox Populi.

Os números refletem o quanto atitudes ilícitas, como essa, de tão enraizados em parte da sociedade brasileira, acabam sendo encarados como parte do cotidiano.

"Muitas pessoas não enxergam o desvio privado como corrupção, só levam em conta a corrupção no ambiente público", diz o promotor de Justiça Jairo Cruz Moreira.

Ele é coordenador nacional da campanha do Ministério Público "O que você tem a ver com a corrupção", que pretende mostrar como atitudes que muitos consideram normal são, na verdade, um desvirtuamento ético.

Como lida diariamente com o assunto, Moreira ajudou a BBC Brasil a elaborar uma lista de dez atitudes que os brasileiros costumam tomar e que, por vezes, nem percebem que se trata de corrupção.
  • Não dar nota fiscal
  • Não declarar Imposto de Renda
  • Tentar subornar o guarda para evitar multas
  • Falsificar carteirinha de estudante
  • Dar/aceitar troco errado
  • Roubar TV a cabo
  • Furar fila
  • Comprar produtos falsificados
  • No trabalho, bater ponto pelo colega
  • Falsificar assinaturas
"Aceitar essas pequenas corrupções legitima aceitar grandes corrupções", afirma o promotor. "Seguindo esse raciocínio, seria algo como um menino que hoje não vê problema em colar na prova ser mais propenso a, mais pra frente, subornar um guarda sem achar que isso é corrupção."

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