PARA SALVAR PERILLO (e o PSDB), OPOSIÇÃO TENTA POSTERGAR CPI DO CACHOEIRA
Por Eduardo Guimarães
“A oposição e a mídia não queriam a CPI do Cachoeira. Se empilharem tudo o que disseram sobre a proposta de investigação não passar de tentativa de Lula de se vingar do governador de Goiás, Marconi Perillo, e da revista “Veja” – apesar de operações da Polícia Federal mostrarem que a investigação era imperiosa –, a pilha alcançará vários metros.
No intento de evitar a CPI, a oposição conseguiu plantar na mídia denúncias fajutas contra os governadores de Brasília, Agnelo Queiróz, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, de forma a intimidar o PT e outros partidos da base aliada do governo Dilma.
Não rolou. O PT e aliados votaram rapidamente o requerimento de CPI, obrigando a oposição a assiná-lo para não passar recibo. E, ao aceitarem convocar Agnelo, os governistas deixaram a mesma oposição sem alternativa que não fosse aceitar a convocação de Perillo.
As denúncias contra Agnelo e Cabral não passavam de vento. Os trabalhos da CPI mostraram que quem se envolveu mesmo com Cachoeira foram Demóstenes Torres e Perillo, além de figuras menores como o deputado tucano por Goiás Carlos Alberto Leréia. Tudo isso ficou claro nos grampos da PF, que, sem a CPI, não teriam vindo a público.
Vai daí que o senador, o governador e o deputado oposicionistas serão acusados pelo relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, que, em seguida, será remetido ao Ministério Público Federal, de forma que este formule denúncia ao Supremo Tribunal Federal, o qual, segundo diz a mídia, passou a ser “duro com políticos” [Passou mesmo? Ou o critério de dureza foi somente aplicável à Ação Penal 470?].
Ainda que seja pouco crível que o STF, se o Procurador-Geral da República não engavetar o caso, venha a tratar uma eventual denúncia ao governador, ao senador e ao deputado oposicionistas, entre outros, da mesma forma que tratou o inquérito do mensalão do PT, essa possibilidade existe.
Isso porque a CPI tornou público o envolvimento dos demos e tucanos de “alto coturno”, o que não aconteceria sem a investigação parlamentar. Dessa forma, Roberto Gurgel – ou o seu sucessor, que deverá ascender ao seu cargo no ano que vem – terá dificuldade de escapar de fazer a denúncia ao STF.
A situação de Perillo, pois, é gravíssima. Há contra ele tudo o que não há contra o “núcleo político” da Ação Penal 470: uma montanha de provas materiais absolutamente inquestionáveis, tais como gravações comprometedoras, transações comerciais registradas, enfim, “atos de ofício” que não acabam mais.
É nesse momento que a mídia tucana começa a espalhar que os governistas da CPI querem encerrá-la em 48 dias para não investigarem centenas de requerimentos feitos pela oposição. São cerca de 500 requerimentos para ouvir pessoas que não seriam apreciados nem em seis anos, quanto mais nos seis meses pretendidos pela oposição.
É conversa, pois, que os governistas estejam querendo fazer a CPI “terminar em pizza” por quererem que os trabalhos sejam estendidos por mais 48 dias, tempo necessário para fazer um relatório final conclusivo. O que a oposição tenta é jogar para as calendas relatório que colocará Perillo no mesmo banco dos réus que os petistas ora ocupam.”
FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania.com” (http://www.blogdacidadania.com.br/2012/11/oposicao-tenta-postergar-cpi-do-cachoeira-para-salvar-perillo/). [Trecho entre colchetes adicionado por este blog 'democracia&política']
“A oposição e a mídia não queriam a CPI do Cachoeira. Se empilharem tudo o que disseram sobre a proposta de investigação não passar de tentativa de Lula de se vingar do governador de Goiás, Marconi Perillo, e da revista “Veja” – apesar de operações da Polícia Federal mostrarem que a investigação era imperiosa –, a pilha alcançará vários metros.
No intento de evitar a CPI, a oposição conseguiu plantar na mídia denúncias fajutas contra os governadores de Brasília, Agnelo Queiróz, e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, de forma a intimidar o PT e outros partidos da base aliada do governo Dilma.
Não rolou. O PT e aliados votaram rapidamente o requerimento de CPI, obrigando a oposição a assiná-lo para não passar recibo. E, ao aceitarem convocar Agnelo, os governistas deixaram a mesma oposição sem alternativa que não fosse aceitar a convocação de Perillo.
As denúncias contra Agnelo e Cabral não passavam de vento. Os trabalhos da CPI mostraram que quem se envolveu mesmo com Cachoeira foram Demóstenes Torres e Perillo, além de figuras menores como o deputado tucano por Goiás Carlos Alberto Leréia. Tudo isso ficou claro nos grampos da PF, que, sem a CPI, não teriam vindo a público.
Vai daí que o senador, o governador e o deputado oposicionistas serão acusados pelo relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, que, em seguida, será remetido ao Ministério Público Federal, de forma que este formule denúncia ao Supremo Tribunal Federal, o qual, segundo diz a mídia, passou a ser “duro com políticos” [Passou mesmo? Ou o critério de dureza foi somente aplicável à Ação Penal 470?].
Ainda que seja pouco crível que o STF, se o Procurador-Geral da República não engavetar o caso, venha a tratar uma eventual denúncia ao governador, ao senador e ao deputado oposicionistas, entre outros, da mesma forma que tratou o inquérito do mensalão do PT, essa possibilidade existe.
Isso porque a CPI tornou público o envolvimento dos demos e tucanos de “alto coturno”, o que não aconteceria sem a investigação parlamentar. Dessa forma, Roberto Gurgel – ou o seu sucessor, que deverá ascender ao seu cargo no ano que vem – terá dificuldade de escapar de fazer a denúncia ao STF.
A situação de Perillo, pois, é gravíssima. Há contra ele tudo o que não há contra o “núcleo político” da Ação Penal 470: uma montanha de provas materiais absolutamente inquestionáveis, tais como gravações comprometedoras, transações comerciais registradas, enfim, “atos de ofício” que não acabam mais.
É nesse momento que a mídia tucana começa a espalhar que os governistas da CPI querem encerrá-la em 48 dias para não investigarem centenas de requerimentos feitos pela oposição. São cerca de 500 requerimentos para ouvir pessoas que não seriam apreciados nem em seis anos, quanto mais nos seis meses pretendidos pela oposição.
É conversa, pois, que os governistas estejam querendo fazer a CPI “terminar em pizza” por quererem que os trabalhos sejam estendidos por mais 48 dias, tempo necessário para fazer um relatório final conclusivo. O que a oposição tenta é jogar para as calendas relatório que colocará Perillo no mesmo banco dos réus que os petistas ora ocupam.”
FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania.com” (http://www.blogdacidadania.com.br/2012/11/oposicao-tenta-postergar-cpi-do-cachoeira-para-salvar-perillo/). [Trecho entre colchetes adicionado por este blog 'democracia&política']
A GLOBO E O MENSALÃO DO PSDB
‘Não queremos revanche’, diz Falcão ao defender que se julgue mensalão do PSDB [quanto ao mensalão tucano, apesar de envolver fatos bem mais antigos que o "mensalão do PT" e desvio de recursos públicos de bem maior monta, a PGR e o STF parecem estar (até para o minerim da imagem acima), há muitos anos, em operação "abafa", "postergação" , "desidratação" (fatiamento, ou espalhamento para outras instâncias etc). A mídia, não é novidade, evidentemente está em operação "esquecimento"].
Para presidente do PT, STF [não] deve usar com os "tucanos de Minas Gerais" [eufemismo da mídia para os tucanos de Minas, de São Paulo e do Brasil envolvidos no mensalão do PSDB] o mesmo tratamento dado aos petistas.
Por Ricardo Galhardo do portal “iG” (*), São Paulo
“O presidente nacional do PT, Rui Falcão, se manifestou pela primeira vez de forma aprofundada sobre o julgamento do mensalão. Ele fez críticas indiretas ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, segundo ele, "não quer os tucanos envolvidos no mensalão mineiro do PSDB sejam julgados da mesma forma que foram julgados os petistas".
“Não queremos uma revanche. Não quero que julguem o mensalão tucano do mesmo modo que foi julgada a “ação penal 470” (a ação do mensalão). O que nós queremos é que o Supremo julgue com base nos autos e garantindo a presunção de inocência e o direito de defesa”, afirmou [com ironia?] o presidente do partido.
[Nesta semana], o PT [iria] divulgar um manifesto a respeito do julgamento. O texto, que teve a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vai pautar a reação política do partido às condenações de lideranças históricas como o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do partido José Genoino e deve conter críticas contundentes à forma como o caso foi tratado pelo Supremo e à repercussão que isso pode ter para o restante da sociedade em julgamentos futuros em todas as esferas do Judiciário.
Segundo Rui Falcão, um dos pontos da agenda do PT para o ano que vem é a criação de um marco regulatório da mídia que, segundo ele, não vai “por cabresto”, mas, pelo contrário, vai ampliar a liberdade de expressão. Falcão disse que se reuniu recentemente com um alto executivo das “Organizações Globo” e encontrou um primeiro ponto em comum para o debate que seria a proibição de que políticos tenham concessões de rádio e TV.
Ainda de acordo com o petista, a discussão deve acontecer no Congresso. O partido não vai tomar a iniciativa porque defende que o projeto deve partir do Executivo, ou seja da presidenta Dilma Rousseff. No entanto, Falcão disse que ainda não conversou com a presidente sobre o assunto. Ele lembrou que Lula, quando estava no governo, tinha um projeto do ex-ministro Franklin Martins, mas que foi engavetado. Ainda de acordo com o presidente do PT, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, elabora outra proposta do gênero, mas esse é um ponto de divergência entre o PT e o governo.
Num balanço prévio das eleições, Falcão avaliou que a oposição saiu enfraquecida das urnas, mas alertou que hoje existe uma outra oposição ao PT e disse que a oposição mais forte não é partidária. “O resultado enfraquece a oposição partidária, a oposição parlamentar, mas existe ainda outra oposição que não é a partidária”, afirmou. Questionado se a oposição estaria na mídia, ele não quis responder.”
FONTE: escrito por Ricardo Galhardo, do portal “iG”, São Paulo. (*) "iG', Internet Group é provedor de acesso à Internet brasileiro de banda larga e de acesso discado à Internet; adquirido em 2004 pelo grupo BrasilTelecom[3] e fundido aos portais iBest e BrTurbo, que já eram de propriedade da empresa de telefonia. Texto transcrito no portal “Viomundo” (http://www.viomundo.com.br/politica/rui-falcao-a-globo-e-o-mensalao-do-psdb.html). [Imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
Para presidente do PT, STF [não] deve usar com os "tucanos de Minas Gerais" [eufemismo da mídia para os tucanos de Minas, de São Paulo e do Brasil envolvidos no mensalão do PSDB] o mesmo tratamento dado aos petistas.
Por Ricardo Galhardo do portal “iG” (*), São Paulo
“O presidente nacional do PT, Rui Falcão, se manifestou pela primeira vez de forma aprofundada sobre o julgamento do mensalão. Ele fez críticas indiretas ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, segundo ele, "não quer os tucanos envolvidos no mensalão mineiro do PSDB sejam julgados da mesma forma que foram julgados os petistas".
“Não queremos uma revanche. Não quero que julguem o mensalão tucano do mesmo modo que foi julgada a “ação penal 470” (a ação do mensalão). O que nós queremos é que o Supremo julgue com base nos autos e garantindo a presunção de inocência e o direito de defesa”, afirmou [com ironia?] o presidente do partido.
[Nesta semana], o PT [iria] divulgar um manifesto a respeito do julgamento. O texto, que teve a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vai pautar a reação política do partido às condenações de lideranças históricas como o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do partido José Genoino e deve conter críticas contundentes à forma como o caso foi tratado pelo Supremo e à repercussão que isso pode ter para o restante da sociedade em julgamentos futuros em todas as esferas do Judiciário.
Segundo Rui Falcão, um dos pontos da agenda do PT para o ano que vem é a criação de um marco regulatório da mídia que, segundo ele, não vai “por cabresto”, mas, pelo contrário, vai ampliar a liberdade de expressão. Falcão disse que se reuniu recentemente com um alto executivo das “Organizações Globo” e encontrou um primeiro ponto em comum para o debate que seria a proibição de que políticos tenham concessões de rádio e TV.
Ainda de acordo com o petista, a discussão deve acontecer no Congresso. O partido não vai tomar a iniciativa porque defende que o projeto deve partir do Executivo, ou seja da presidenta Dilma Rousseff. No entanto, Falcão disse que ainda não conversou com a presidente sobre o assunto. Ele lembrou que Lula, quando estava no governo, tinha um projeto do ex-ministro Franklin Martins, mas que foi engavetado. Ainda de acordo com o presidente do PT, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, elabora outra proposta do gênero, mas esse é um ponto de divergência entre o PT e o governo.
Num balanço prévio das eleições, Falcão avaliou que a oposição saiu enfraquecida das urnas, mas alertou que hoje existe uma outra oposição ao PT e disse que a oposição mais forte não é partidária. “O resultado enfraquece a oposição partidária, a oposição parlamentar, mas existe ainda outra oposição que não é a partidária”, afirmou. Questionado se a oposição estaria na mídia, ele não quis responder.”
FONTE: escrito por Ricardo Galhardo, do portal “iG”, São Paulo. (*) "iG', Internet Group é provedor de acesso à Internet brasileiro de banda larga e de acesso discado à Internet; adquirido em 2004 pelo grupo BrasilTelecom[3] e fundido aos portais iBest e BrTurbo, que já eram de propriedade da empresa de telefonia. Texto transcrito no portal “Viomundo” (http://www.viomundo.com.br/politica/rui-falcao-a-globo-e-o-mensalao-do-psdb.html). [Imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
QUEM SUBSTITUI ONÉIAS RIBEIRO NA PRESIDÊNCIA ??
A eleição para vereador em Colombo já acabou, mas engana-se quem pensa que a disputa pelo poder terminou, o atual vereador e presidente da Câmara, Onéias Ribeiro(PT), foi o grande vencedor entre os vereadores que disputaram essa eleição. Onéias conseguiu eleger a sua esposa Michelí e um grupo religioso elegeu mais um vereador do PT. Onéias ainda pode fazer a sua sucessora na presidência da Câmara, e um grupo já estaria decidido em apoiar a esposa do atual presidente. Existe uma briga, no bom sentido, pois alguns vereadores iniciam a competição pela preferência dos colegas na tentativa de viabilizar uma candidatura para a presidência da Câmara, cargo de muita importância, já que seu ocupante dialogará direto com a prefeita Beti Pavin. E não faltam candidatos a sentar na cadeira que hoje é ocupada por Onéias(PT), do lado da prefeita temos Pelé e Waldirlei, do lado da oposição surge forte o nome da vereadora e professora Micheli(PT), só que o professor Waldirlei é mais próximo da prefeita. Especula-se também que Oliveira da Ambulância e Eurico Dino estariam de olho na presidência da casa.
Vereadora Micheli do PT |
Também acreditava que Waldirlei seria o nome escolhido, mas como dizem que " nos porões dos palácios da capital da uva existem acordos e traições, esse teria que abrir mão, ou " ablar " as verdades que estão apertadas no nó da gravata. Se isso não acontecer a vereadora Michele poderá tornar-se a segunda mulher a presidir a casa.
Sem vaidade, eu que defendia que precisávamos de mulheres nas Câmara, defendo o nome de uma mulher para a presidência , pois ressalta as qualidades das mulheres colombenses, já representadas na força e garra da prefeita eleita Beti Pavin.
OPOSIÇÃO TUCANA E CAMPOS SÓ TÊM CHANCE SE HOUVER “CRISE CATASTRÓFICA”
Por Rodrigo Vianna e Juliana Sada, no blog “Escrivinhador”
“O resultado das eleições municipais trouxe novidades e novos atores ao cenário político. O balanço mostra o crescimento do PSB nas capitais; o avanço do PT em redutos tucanos; a entrada do PSOL na disputa majoritária; um bom desempenho do PSD… Junto das novidades, vieram as dúvidas sobre a disputa de 2014.
O “Escrevinhador” conversou com o historiador e professor da USP Lincoln Secco sobre o desempenho do PT nestas eleições, o espaço de ação da oposição e a disputa de 2014.
Para Secco, autor do livro “História do PT”, as políticas sociais do governo federal possibilitaram a diminuição do poder dos coronéis nas pequenas cidades do interior do nordeste e o crescimento do PT nesses locais.
Sobre 2014, o historiador não tem muitas dúvidas: a oposição, e até mesmo Eduardo Campos, só têm chance em 2014 caso “o governo esteja numa crise catastrófica”. Ao falar do PSDB, é categórico: “ele não tem nada a oferecer à população”.
Confira a seguir a íntegra da entrevista.
-No Nordeste, o PT perde terreno nas capitais, mas parece avançar nos pequenos municípios. Por quê?
Desde que Lula implementou suas políticas sociais, o PT ampliou sua presença em regiões mais pobres do Nordeste. O PT já tinha poderosa marca social oriunda de suas gestões municipais e do próprio discurso recorrente de suas lideranças a favor dos mais pobres. Só que a influência petista esbarrava nos vestígios de coronelismo que ainda havia. O aumento do salário mínimo e os programas “Luz para Todos” e “Bolsa Família” mudaram a vida das mães de família e o comércio local das pequenas cidades. A mulher recebe os recursos diretamente numa conta bancária, sem mediação do político local.
-No Sul e Sudeste parece dar-se o inverso: PT é forte nas cidades grandes e, apesar de eleger mais prefeitos nas pequenas, não consegue ainda rivalizar com PMDB e PSDB. Por quê?
Os dois Estados mais populosos do Brasil são governados pelo PSDB: São Paulo e Minas Gerais. Uma produção industrial e agropecuária forte e uma classe média tradicional estabelecida impediram historicamente o PT de se posicionar na liderança. Basta visitar uma pequena cidade do Oeste paulista e outra do interior da Bahia para ver a diferença. O impacto das políticas sociais de Lula foi muito menor nos Estados mais desenvolvidos. Ali, o PT tem mais força nas cidades médias e grandes, onde a periferia é extensa e os problemas crônicos da saúde, transporte e habitação por vezes inclinam o eleitorado à esquerda.
--O que significa o avanço de Eduardo Campos?
Campos é um político absolutamente tradicional e que divide com outras oligarquias o PSB. Não vejo nada de mais nisso. Tanto ele quanto Aécio Neves são vazios programáticos. Nada têm a oferecer à população que seja diverso do que já é feito pelo PT. Campos é da base do governo e em nenhum momento criticou Dilma Rousseff. Ele pode ser candidato à presidência fora do campo político governista? Pode. Mas só seria eleito se o governo estiver numa crise catastrófica, ou se a oposição encontrar um programa alternativo, o que ela tenta desde 2002.
--O PT terá que ir cada vez mais ao centro para se manter no poder?
O PT já se deslocou para um discurso moderado. Mas as oscilações do PT dependem da conjuntura e dos grupos políticos que o confrontam. A política brasileira, desde 2005, se tornou muito polarizada. A grande imprensa retrocedeu aos tempos do Primeiro Reinado ou, ao menos, do lacerdismo, com o uso de uma linguagem desproporcional ao “perigo” que o PT representaria. Acuados, até mesmo membros do PT repetem a ideologia rasteira do republicanismo e dizem que a alternância no poder é necessária. Ora, quem vence e permanece no poder numa democracia só o faz porque o povo quer. Ninguém diz que a Suécia é uma ditadura por ser governada há decênios pela Social Democracia. No presidencialismo, a rotatividade deve ser da pessoa, para que ela não personalize demais o poder, mas não do partido.
--Há espaço para oposição à esquerda?
Num horizonte político visível, não. O espaço para uma alternativa que consiga captar os descontentes com o PT e com a oposição de direita está aberto e em disputa. Heloísa Helena e Marina Silva já o ocuparam. Mas, para uma esquerda radical, o importante seria crescer na base social do PT e não só na classe média tradicional. Ela erra ao reproduzir o discurso moralista que o PT fazia no passado. O PT podia porque tinha ampla base social operária e nas periferias dos grandes centros. Ele tinha algo mais a dizer. Atualmente, só uma inesperada aceleração histórica pode dar alguma voz à extrema esquerda.
--E dentro do próprio PT, há espaço para as correntes mais à esquerda?
Como todo grande partido organizado, o PT vai manter uma ala esquerda. Mas enquanto o partido estiver no governo federal, a esquerda petista se manterá adormecida pelo medo da derrota eleitoral do partido e pela participação que tem no próprio governo.
--Com o acerto de Lula na indicação de Haddad, sua influência crescerá internamente?
A influência de Lula não precisa crescer mais (risos). E se você se refere ao novo prefeito de São Paulo, é claro que ele passa a comandar o PT municipal e se projeta para o futuro em outros cargos. Mas é muito cedo para pensar nisso.
--Os tucanos têm futuro se deixarem SP de lado e escolherem Aécio Neves em 2014?
O regionalismo paulista dos tucanos é um problema. Mas não foram os candidatos Serra ou Alckmin que perderam as eleições presidenciais. Foi o partido! Ele não tem nada a oferecer à população e só poderá ganhar mediante uma crise de proporções graves ou por um golpe de mão. Aécio Neves é um político que une certa “juventude” para um político de carreira a uma velhice política cansativa. É uma pessoa sem ideias. Como candidato, terá boa votação provavelmente. Mas, simplesmente, por encarnar o voto oposicionista que é grande, mas insuficiente.”
FONTE: escrito por Rodrigo Vianna e Juliana Sada no blog “Escrivinhador” (http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/lincoln-secco-oposicao-tucana-e-eduardo-campos-so-tem-chance-se-houver-crise-catastrofica.html#more-16386). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
“O resultado das eleições municipais trouxe novidades e novos atores ao cenário político. O balanço mostra o crescimento do PSB nas capitais; o avanço do PT em redutos tucanos; a entrada do PSOL na disputa majoritária; um bom desempenho do PSD… Junto das novidades, vieram as dúvidas sobre a disputa de 2014.
O “Escrevinhador” conversou com o historiador e professor da USP Lincoln Secco sobre o desempenho do PT nestas eleições, o espaço de ação da oposição e a disputa de 2014.
Para Secco, autor do livro “História do PT”, as políticas sociais do governo federal possibilitaram a diminuição do poder dos coronéis nas pequenas cidades do interior do nordeste e o crescimento do PT nesses locais.
Sobre 2014, o historiador não tem muitas dúvidas: a oposição, e até mesmo Eduardo Campos, só têm chance em 2014 caso “o governo esteja numa crise catastrófica”. Ao falar do PSDB, é categórico: “ele não tem nada a oferecer à população”.
Confira a seguir a íntegra da entrevista.
-No Nordeste, o PT perde terreno nas capitais, mas parece avançar nos pequenos municípios. Por quê?
Desde que Lula implementou suas políticas sociais, o PT ampliou sua presença em regiões mais pobres do Nordeste. O PT já tinha poderosa marca social oriunda de suas gestões municipais e do próprio discurso recorrente de suas lideranças a favor dos mais pobres. Só que a influência petista esbarrava nos vestígios de coronelismo que ainda havia. O aumento do salário mínimo e os programas “Luz para Todos” e “Bolsa Família” mudaram a vida das mães de família e o comércio local das pequenas cidades. A mulher recebe os recursos diretamente numa conta bancária, sem mediação do político local.
-No Sul e Sudeste parece dar-se o inverso: PT é forte nas cidades grandes e, apesar de eleger mais prefeitos nas pequenas, não consegue ainda rivalizar com PMDB e PSDB. Por quê?
Os dois Estados mais populosos do Brasil são governados pelo PSDB: São Paulo e Minas Gerais. Uma produção industrial e agropecuária forte e uma classe média tradicional estabelecida impediram historicamente o PT de se posicionar na liderança. Basta visitar uma pequena cidade do Oeste paulista e outra do interior da Bahia para ver a diferença. O impacto das políticas sociais de Lula foi muito menor nos Estados mais desenvolvidos. Ali, o PT tem mais força nas cidades médias e grandes, onde a periferia é extensa e os problemas crônicos da saúde, transporte e habitação por vezes inclinam o eleitorado à esquerda.
--O que significa o avanço de Eduardo Campos?
Campos é um político absolutamente tradicional e que divide com outras oligarquias o PSB. Não vejo nada de mais nisso. Tanto ele quanto Aécio Neves são vazios programáticos. Nada têm a oferecer à população que seja diverso do que já é feito pelo PT. Campos é da base do governo e em nenhum momento criticou Dilma Rousseff. Ele pode ser candidato à presidência fora do campo político governista? Pode. Mas só seria eleito se o governo estiver numa crise catastrófica, ou se a oposição encontrar um programa alternativo, o que ela tenta desde 2002.
--O PT terá que ir cada vez mais ao centro para se manter no poder?
O PT já se deslocou para um discurso moderado. Mas as oscilações do PT dependem da conjuntura e dos grupos políticos que o confrontam. A política brasileira, desde 2005, se tornou muito polarizada. A grande imprensa retrocedeu aos tempos do Primeiro Reinado ou, ao menos, do lacerdismo, com o uso de uma linguagem desproporcional ao “perigo” que o PT representaria. Acuados, até mesmo membros do PT repetem a ideologia rasteira do republicanismo e dizem que a alternância no poder é necessária. Ora, quem vence e permanece no poder numa democracia só o faz porque o povo quer. Ninguém diz que a Suécia é uma ditadura por ser governada há decênios pela Social Democracia. No presidencialismo, a rotatividade deve ser da pessoa, para que ela não personalize demais o poder, mas não do partido.
--Há espaço para oposição à esquerda?
Num horizonte político visível, não. O espaço para uma alternativa que consiga captar os descontentes com o PT e com a oposição de direita está aberto e em disputa. Heloísa Helena e Marina Silva já o ocuparam. Mas, para uma esquerda radical, o importante seria crescer na base social do PT e não só na classe média tradicional. Ela erra ao reproduzir o discurso moralista que o PT fazia no passado. O PT podia porque tinha ampla base social operária e nas periferias dos grandes centros. Ele tinha algo mais a dizer. Atualmente, só uma inesperada aceleração histórica pode dar alguma voz à extrema esquerda.
--E dentro do próprio PT, há espaço para as correntes mais à esquerda?
Como todo grande partido organizado, o PT vai manter uma ala esquerda. Mas enquanto o partido estiver no governo federal, a esquerda petista se manterá adormecida pelo medo da derrota eleitoral do partido e pela participação que tem no próprio governo.
--Com o acerto de Lula na indicação de Haddad, sua influência crescerá internamente?
A influência de Lula não precisa crescer mais (risos). E se você se refere ao novo prefeito de São Paulo, é claro que ele passa a comandar o PT municipal e se projeta para o futuro em outros cargos. Mas é muito cedo para pensar nisso.
--Os tucanos têm futuro se deixarem SP de lado e escolherem Aécio Neves em 2014?
O regionalismo paulista dos tucanos é um problema. Mas não foram os candidatos Serra ou Alckmin que perderam as eleições presidenciais. Foi o partido! Ele não tem nada a oferecer à população e só poderá ganhar mediante uma crise de proporções graves ou por um golpe de mão. Aécio Neves é um político que une certa “juventude” para um político de carreira a uma velhice política cansativa. É uma pessoa sem ideias. Como candidato, terá boa votação provavelmente. Mas, simplesmente, por encarnar o voto oposicionista que é grande, mas insuficiente.”
FONTE: escrito por Rodrigo Vianna e Juliana Sada no blog “Escrivinhador” (http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/lincoln-secco-oposicao-tucana-e-eduardo-campos-so-tem-chance-se-houver-crise-catastrofica.html#more-16386). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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