Placa de assalto no término de trecho de ciclovia em São Vicente, SP (Foto: Reprodução/TV Tribuna)
Os recorrentes assaltos ao longo da ciclovia da Linha Amarela, que vai da Avenida Marechal Cândido Rondon até a Mascarenhas de Morais, na Vila Margarida, em São Vicente, no litoral de São Paulo, fizeram com que uma pessoa anônima colocasse em um poste no final da ciclovia uma curiosa placa com a frase: “Fim da ciclovia. Início dos assaltos”.
Após alguns dias, a placa foi retirada do poste, mas os assaltos continuaram acontecendo no local, como relata o frentista Márcio Roberto Alves, que também já foi vítima de criminosos. "Estava para fechar o posto quando um sujeito chegou anunciando o assalto. Dei o que tinha no bolso, mas ele queria mais. Disse então que no caixa teria alguma coisa. Assim que ele foi para o caixa saí correndo e me escondi atrás de um poste. Ele ainda foi atrás de mim, mas graças a Deus não me viu”, conta o frentista.
Já um ambulante que prefere não ser identificado, que trabalha no semáforo de um cruzamento, também testemunha assaltos constantemente. "Eles só não me assaltam porque sabem que eu trabalho aqui. Acabam me respeitando. Os semáforos aqui demoram para abrir, daí eles aproveitam para assaltar os motoristas que não tem para onde fugir", explica. O ambulante conta que os assaltantes costumam abordar mulheres desacompanhadas.
Os horários dos assaltos são variados, mas acontecem principalmente depois das 18h, quando escurece. "O que facilita esses assaltos é a falta de luz na ciclovia. É fácil alguém se esconder entre as árvores. Dá pra fazer qualquer coisa nesse escuro", conta a moradora Fábia Gutierrez, que vive há dois anos no bairro. Ela teve um carro furtado em frente a sua casa, que não tem garagem.
Segundo os moradores, os assaltantes utilizam bicicletas para praticar os assaltos. "Geralmente eles puxam correntes, bolsas, celulares, sem descer da bicicleta. O trânsito para depois das 18h e com a bicicleta fica mais fácil fugir", explica um morador que, com medo dos criminosos, também prefere não revelar a identidade.
Para os comerciantes do local, a falta de ronda policial na região garante tranquilidade para que os assaltantes abordem as pessoas. De acordo com moradores da região, o único horário em que a polícia está presente é entre às 22h e 23h, quando uma unidade móvel da Polícia Militar fixa uma base por cerca de 1h no local.
O taxista José Airton Gonçalves conta que sempre pega passageiros no trecho durante a noite mas, segundo ele, só o fato de atravessar o local é considerado perigoso. "Hoje o táxi em São Vicente é mais usado como meio de proteção do que como veículo de transporte", lamenta o taxista.
A Secretaria de Projetos Especiais (Sepes), por meio da assessoria de imprensa da Prefeitura, informou que no local há postes dos dois lados da via, com luminárias de duas lâmpadas de 250 watts cada. Já a Secretaria de Meio Ambiente informou que o serviço de poda das árvores é realizado em período propício, mas que mesmo assim enviará técnicos ao local para averiguar as condições de poda na área. A Prefeitura informou também que já solicitou que a Polícia Militar intensifique a segurança no local.
Em nota, a Polícia Militar afirma que realiza policiamento na Avenida Martins Fontes e imediações, inclusive com intensificação do policiamento por meio de patrulhamento com viaturas, motocicletas e bicicletas. A corporação pede para que as vítimas registrem as ocorrências e acionem o 190. As características e estatísticas registradas colaboram para melhorar a ação da polícia no local.