O governo do Irã anunciou nesta quinta-feira a execução de dois homens presos durante os protestos políticos desencadeados pela polêmica em torno das eleições realizadas no país no ano passado.
"Após os confrontos e eventos antirrevolucionários dos últimos meses, um tribunal islâmico revolucionário considerou os casos de alguns acusados e determinou a sentença de morte para 11 deles", afirma a agência de notícias iraniana Isna, citando o pronunciamento da promotoria.
"As sentenças contra dois destes indivíduos foram cumpridas neste amanhecer, e os acusados foram enforcados", acrescenta o texto.
Os condenados, Mohammad Reza Ali-Zamani e Arash Rahmanipour, perderam os recursos que apresentaram contra a decisão. Os outros nove condenados ainda têm seus pedidos de revisão de sentença sendo avaliados.
Ali-Zamani e Rahmanipour eram apontados pelas autoridades iranianas como "inimigos de Deus" e membros de grupos armados e eram acusados de tentar derrubar o Estado islâmico.
Reação
As execuções dos dois ativistas políticos iranianos foram condenadas pela ONG de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional.
"Essas execuções chocantes mostram que as autoridades iranianas não vão parar diante de nada para reprimir os protestos pacíficos que ocorrem desde as eleições", disse Hassiba Hadj Sahraoui, diretor da entidade para o Oriente Médio e o Norte da África.
"Estes homens foram condenados injustamente e injustamente mortos", acrescentou. "Não está claro nem sequer se eles tinham ligação com um grupo (como foi alegado), já que suas confissões foram extraídas sob duras condições."
Os sentenciados foram acusados de pertencerem a um grupo proibido que defende a monarquia, a Assembléia do Reino do Irã (Anjoman-e Padeshahi-e Iran).
Nasrin Sotoudeh, advogada de Rahmanipour, que tinha 19 anos quando foi preso, diz que seu cliente "confessou (os crimes) por causa de ameaças feitas à sua família".
Pelo menos 30 manifestantes foram mortos em confrontos desde as eleições, embora a oposição diga que o número de mortos supere 70. Milhares foram detidos e cerca de 200 ativistas permanecem presos.
Correspondentes dizem que as execuções devem inflamar os ânimos antes dos próximos protestos populares, marcados para 11 de fevereiro, data do aniversário da Revolução Islâmica de 1979.
Os protestos começaram em junho do ano passado, após alegações de fraude nas eleições presidenciais que reelegeram o presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Estadão