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All that jazz

Acredito que o amigo leitor já sabe que o blog Amigos do Presidente Lula descobriu uma estranha relação entre o jornalista Ricardo Noblat e o Senado Federal. Igualmente estranha foi a pronta resposta do jornalista, espalhada em toda a internet, onde afirma ter pago R$135.600 ao Senado nos últimos 9 anos, por seu amor ao jazz.

Como as respostas do Noblat deixaram algumas perguntas no ar, imagino que como contribuinte eu tenha o direito de fazê-las:

1) Noblat alegou em setembro que não poderia mais continuar arcando com os custos do programa, o que alega justificar seu contrato com o Senado. O mesmo foi dito para a Rádio Educadora da Bahia, propriedade do Estado da Bahia, onde o programa também vai ao ar? Eles se beneficiarão com o patrocínio público via Senado?

2) Noblat disse que o Senado alegou não ser possível fazer um contrato direto com a produtora do programa, mas não explicou o motivo. Na página do Senado, onde constam vários pagamentos, inclusive a Ricardo José Delgado (Noblat), há vários pagamentos a empresas prestadoras de serviço. Se feito assim, alguns encargos tributários seriam eliminados, como o INSS.

3) Como ficou o projeto de Noblat de montar esta rádio em seu próprio blog? É o que li em nota de 11-7-2004:

Aliás, depois foi feita uma seleção de 600 músicas em um link de seu blog, chamada de Estação Jazz e Tal, há referência do próprio Noblat sobre seus propósitos, em 31-5-2006:

Se é possível existir uma rádio tocando jazz nas 24 horas de todos os dias, para todo o Brasil, por que temos que pagar por uma rádio, restrita a Brasília e Salvador, com apenas uma hora de programação semanal?
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Entendendo Mendes

Quando Gilmar Mendes tomou posse da presidência do STF, em 23 de abril último, estranhei o tamanho da festa na Corte. Toda a república estava presente. Vários ex-presidentes, empresários, donos da mídia, até o Pelé compareceu. Foram cerca de 4.800 convidados, servidos das melhores bebidas, salgados, canapés e boa música, a cargo de orquestra da Universidade de Brasília. Tamanha demonstração de importância, que segundo O Globo custou R$ 76 mil, aguçou minha curiosidade sobre este homem que disse na posse que para aperfeiçoar o judiciário era necessária a “diminuição dos custos e a maximização dos recursos”. Como é tema recorrente em seus discursos, — segundo a mesma reportagem, Mendes, em sua posse no CNJ criticou os gastos excessivos do judiciário e defendeu uma melhor gestão de recursos — entendi que o STF fazia ali uma maximização. O dinheiro investido teria retorno garantido. E o fato me fez perguntar a amigo jornalista, experiente profissional, quem era afinal o tal Gilmar Mendes, que até então pouco havia me dado conta da existência. A resposta precisa é impublicável, mas em uma versão livre foi dito que era alguém que tinha muitos negócios na República, com muita troca de interesses com os que ali estavam em sua festa.

Entendi um pouco melhor da explicação do amigo quando a reportagem de capa da Carta Capital, de 6 de outubro, mostrou o empresário Gilmar Mendes e seus negócios no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), com contratos conseguidos pela boa influência política, até mesmo para a compra de um terreno para sua sede, adquirido por 20% de seu real valor.

Agora, na última edição da mesma revista, entendo o que faltava. Gilmar Mendes é autêntico representante de nosso passado colonial, atuando como coronel na política da cidade de sua oligarca família, Diamantino (MT), de forma muito distinta da de um guardião do estado de direito. Há fatos muito graves apurados pela reportagem. E demonstram que os valores republicanos do ministro não valem muito em sua terra. Entre tantos casos narrados, fiquei consternado com o acorrido em 14 de setembro de 2000, quando a estudante Andréa Paula Pedroso Wonsoski registrou um boletim de ocorrência em delegacia da cidade contra o irmão de Mendes, candidato a prefeito pelo PPS. Diz o BO que a jovem afirmou ter sido repreendida pelo candidato um dia antes e ameaçada por seus cabos eleitorais, irados por denúncia feita em rádio de troca de cestas básicas por votos. 32 dias depois, após participar de um protesto estudantil contra o abuso do poder econômico nas eleições municipais, Andréa desapareceu. Seu corpo só foi encontrado em 2003 e apenas em 2005, depois da insistência de sua mãe em apurar o caso, o exame da ossada descobriu que foi morta com um tiro na nuca. O caso está arquivado na Vara Especial Criminal de Diamantino e a polícia nunca conseguiu esclarecer o crime. A justiça ali nunca foi feita. Lá a legislação parece que é outra.
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E o tal dossiê terminou em farsa

Assunto que rendeu várias manchetes em nossos jornalões, termina em pantomima o factóide do dossiê da Casa Civil. A CPI, criada para apurar o “absurdo” gasto em cartão corporativo de uma tapioca, promove uma sessão para aumentar as dúvidas sobre quem chantageou, ou foi chantageado por um tal dossiê com gastos de FHC, motivo da única polêmica existente.

Aturei horas entre a TV Senado e a Globonews para captar alguma coisa. Confesso grande decepção. Até agora não entendi o espanto do senhor André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias, que disse ter se sentido traído por amigo ao receber no dia 20 de fevereiro uma planilha com gastos exóticos de FHC. Como assim? Algo não faz sentido. Um dia antes, o vetusto jornal O Estado de S.Paulo publicou notícia sobre decisão do governo Lula sobre impedir a exposição, na CPI criada, de gastos exóticos de FHC, como a de pênis de borracha, estratégia que foi considerada “muito baixa” pelo próprio presidente. Informações sobre estes gastos, portanto, já circulavam. Onde fica o espanto do assessor?

Busquei, busquei, e só descobri um único chantageado. Foi o deputado Antonio Carlos Pannunzio, do PSDB. No meio da sessão, ele foi barbaramente enganado pela Globonews, que o levou a fazer enfático discurso contra o caos aéreo do governo Lula, que havia feito novas vítimas em colisão de avião da Pantanal em edifício próximo ao Congonhas. Fato que depois foi mais bem apurado: na verdade apenas um incêndio em loja de colchões.

Triste fim.
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