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GEOPOLÍTICA - A Geopolítica e o futebol.

Artigo do Mauro Santayana.
A GEOPOLÍTICA E O FUTEBOL

(HD) - Para a maioria das pessoas, o futebol tem mais a ver com a paz e o esporte, do que com política internacional.
No entanto, o componente geopolítico,  dependendo de quem estiver em campo, pode ser determinante para o resultado de um campeonato ou de um jogo em particular.
Dessa forma, é fácil entender que uma partida entre Camarões e Costa Rica, seria disputada de forma diferente que um embate entre Brasil-Argentina, Alemanha-Inglaterra, ou a  Rússia- Estados Unidos. Isso, sem sequer imaginar, por hipótese, um “amistoso” entre Palestina e Israel, por exemplo.
Não custa nada, portanto, aproveitando o resultado do sorteio da FIFA – escrever algumas linhas sobre o grupo que nos coube na primeira fase da Copa do Mundo de 2014.
O jogo de estreia será contra a Croácia, um adversário que não se deve subestimar. País de  ilhas e montanhas, com menos de cinco milhões de habitantes, a Croácia já foi parte  do Sacro Império Romano-Germânico, do Império Austro-Húngaro e da Iugoslávia, de quem se separou depois da morte de Tito, em 1992, com a fragmentação do país - incentivada e patrocinada pela Europa e os EUA – em seis diferentes países e duas regiões autônomas.
Após mil anos de guerras, e com pouco mais de vinte anos de independência, a Croácia é fortemente nacionalista. Embora não tenha nada contra o Brasil em particular, vai aproveitar a Copa do Mundo, desde o primeiro jogo, para dourar o ego. E se afirmar no contexto da União Europeia, para a qual entrou neste ano, e, particularmente, com relação aos seus rivais sérvios, que eliminou da Copa com um empate neste ano, na capital adversária, Belgrado, no estádio do Estrela Vermelha que tem o curioso - e simpático - apelido de Marakana.    
Pela distância, juventude, e simpatia, Camarões se parece com o Brasil ingênuo e humano - em termos futebolísticos - de outros tempos, e deve entrar em campo, principalmente, para praticar e curtir a alegria de jogar futebol. 
No caso do México, a história é outra. Nos últimos anos, pouco confortável com a ascensão brasileira no contexto internacional, o México tem visto o Brasil como seu principal competidor. Essa suposta rivalidade é constantemente incentivada pela imprensa mexicana, em questões como a derrota do candidato mexicano para um brasileiro na eleição para a Organização Mundial do Comércio; ou o papel da Aliança do Pacífico, como contraponto ao Mercosul e  ao projeto de integração brasileiro na América do Sul, em organismos como a UNASUL e o Conselho de Defesa Sul-americano.
Aliado geopolítico da Espanha, que viu seu projeto neocolonial ser torpedeado pelo Brasil em nossa região, o México fará tudo para vencer ou atrapalhar a festa brasileira na Copa de 2014, como tem feito em outras ocasiões, a exemplo das Olimpíadas e do Mundial Sub-17.  
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GEOPOLÍTICA - O mundo não será o do Tio Sam.

O mundo não será o do Tio Sam

Por Mauro Santayana, na Rede Brasil Atual: ´.

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GEOPOLÍTICA - Moniz Bandeira: O Brasil e as ameaças de projeto imperial dos EUA.


Marco Aurélio Weissheimer
Arquivo
Em 2005, o cientista político e historiador Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira apontou em seu livro “Formação do Império Americano” as práticas de espionagem exercidas pelas agências de inteligência dos Estados Unidos. Uma prática que, segundo ele, já tem aproximadamente meio século de existência. Desde os fins dos anos 60, diz Moniz Bandeira, a coleta de inteligência econômica e informações sobre o desenvolvimento científico e tecnológico de outros países, adversos e aliados, tornou-se uma prioridade do trabalho dessas agências.

Em seu novo livro, “A Segunda Guerra Fria - Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos – Das rebeliões na Eurásia à África do Norte e Oriente Médio” (Civilização Brasileira), Moniz Bandeira defende a tese de que os Estados Unidos continuam a implementar a estratégia da full spectrum dominance (dominação de espectro total) contra a presença da Rússia e da China naquelas regiões. “As revoltas da Primavera Árabe”, afirma o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que assina o prefácio do livro, “não foram nem espontâneas e ainda muito menos democráticas, mas que nelas tiveram papel fundamental os Estados Unidos, na promoção da agitação e da subversão, por meio do envio de armas e de pessoal, direta ou indiretamente, através do Qatar e da Arábia Saudita”, 

Nesta nova obra, Moniz Bandeira aprofunda e atualiza as questões apresentadas em “Formação do Império Americano”. “Em face das revoltas ocorridas na África do Norte e no Oriente Médio a partir de 2010, julguei necessário expandir e atualizar o estudo. Tratei de fazê-lo, entre e março e novembro de 2012”, afirma o autor. É neste contexto que o cientista político analisa as recentes denúncias de espionagem praticadas pelos EUA em vários países, inclusive o Brasil.

A definição do Brasil como alvo de espionagem também não é de hoje. Em entrevista à Carta Maior, Moniz Bandeira assinala que a Agência Nacional de Segurança (NSA) interveio na concorrência para a montagem do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), pelo Brasil, e assegurou a vitória da Raytheon, a companhia encarregada da manutenção e serviços de engenharia da estação de interceptação de satélites do sistema Echelon. Na entrevista, o cientista político conta um pouco da história desse esquema de espionagem que, para ele, está a serviço de um projeto de poder imperial de proporções planetárias.

Moniz Bandeira defende que o Brasil, especialmente a partir da descoberta das reservas de petróleo do pré-sal, deve se preparar para defender seus interesses contra esse projeto imperial. “As ameaças existem, conquanto possam parecer remotas. Mas o Direito Internacional só é respeitado quando uma nação tem capacidade de retaliar”, afirma.

Carta Maior: O seu livro "Formação do Império Americano" já tratava, em 2005, do tema da espionagem praticada por agências de inteligência dos Estados Unidos. Qual o paralelo que pode ser traçado entre a situação daquele período e as revelações que vêm sendo feitas hoje?

Moniz Bandeira: Sim, em “Formação do Império Americano”, cuja primeira edição foi lançada em 2005, mostrei, com fundamento em diversas fontes e nas revelações pelo professor visitante da Universidade de Berkeley (Califórnia), James Bamford, que o sistema de espionagem, estabelecido pela National Security Agency (NSA), começou a funcionar há mais de meio século. O objetivo inicial era captar mensagens e comunicações diplomáticas entre os governos estrangeiros, informações que pudessem afetar a segurança nacional dos Estados Unidos e dar assistência às atividades da CIA. 

Com o desenvolvimento da tecnologia eletrônica, esse sistema passou a ser usado para interceptar comunicações internacionais via satélite, tais como telefonemas, faxes, mensagens através da Internet. Os equipamentos estão instalados em Elmendorf (Alaska), Yakima (Estado de Washington), Sugar Grove (Virginia ocidental), Porto Rico e Guam (Oceano Pacífico), bem como nas embaixadas, bases aéreas militares e navios dos Estados Unidos.

A diferença com a situação atual consiste na sua comprovação, com os documentos revelados por Edward Snowden, através do notável jornalista Gleen Greenwald, que mostram que a espionagem é feita em larga escala, com a maior amplitude. 

Desde os fins dos anos 60, porém, a coleta de inteligência econômica e informações sobre o desenvolvimento científico e tecnológico de outros países, adversos e aliados,  tornou-se mais e mais um dos principais objetivos da COMINT (communications inteligence), operado pela NSA), dos Estados Unidos, e pelo Government Communications Headquarters (GCHQ), da Grã-Bretanha, que em 1948 haviam firmado um pacto secreto, conhecido como UKUSA (UK-USA) - Signals Intelligence (SIGINT). Esses dois países formaram um pool - conhecido como UKUSA - para interceptação de mensagens da União Soviética e demais países do Bloco Socialista, a primeira grande aliança de serviços de inteligência e à qual aderiram, posteriormente, agências de outros países, tais como  Communications Security Establishment (CSE), do Canadá, Defense Security Directorate (DSD), da Austrália e do General Communications Security Bureau (GCSB), da Nova Zelândia. Essa rede de espionagem, chamada de Five Eyes e conhecida também como ECHELON -  só se tornou publicamente conhecida, em março de 1999, quando o governo da Austrália nela integrou o Defence Signals Directorate (DSD),  sua organização de  SIGINT. 

Carta Maior: Qual sua avaliação a respeito da reação (ou da falta de) da União Europeia diante das denúncias de espionagem?

Moniz Bandeira: Os serviços de inteligência da União Europeia sempre colaboraram, intimamente, com a CIA e demais órgãos dos Estados Unidos. Os governos da Alemanha, França, Espanha, Itália e outros evidentemente sabiam da existência do ECHELON e deviam intuir que o ECHELON - os Five Eyes - trabalhasse também para as corporações industriais. As informações do ECHELON, sobretudo a partir do governo do presidente Bill Clinton, eram canalizadas para o Trade Promotion Co-ordinating Committee (TPCC), uma agência inter-governamental criada em 1992 pelo Export Enhancement Act e dirigida pelo Departamento de Comércio, com o objetivo de unificar e coordenar as atividades de exportação e financiamento do dos Estados Unidos. Corporações, como Lockheed, Boeing, Loral, TRW, e Raytheon, empenhadas no desenvolvimento de tecnologia, receberam comumente importantes informações comerciais, obtidas da Alemanha, França e outros países através do ECHELON. 

O presidente Clinton recorreu amplamente aos serviços da NSA para espionar os concorrentes e promover os interesses das corporações americanas. Em 1993, pediu à CIA que espionasse os fabricantes japoneses, que projetavam a fabricação de automóveis com zero-emissão de gás, e transmitiu a informação para  a Ford, General Motors e Chrysler. Também ordenou que a NSA e o FBI, em 1993, espionassem  a conferência da Asia-Pacific Economic Cooperation (APEC), Seattle, onde aparelhos foram instalados secretamente em todos os quartos do hotel, visando a  obter informação relacionada com negócios para a construção no Vietnã, da hidroelétrica Yaly. As informações foram passadas para os contribuintes de alto nível do Partido Democrata. E, em 1994, a NSA não só interceptou faxes e chamadas telefônicas entre o consórcio europeus Airbus e o governo da Arábia Saudita,  permitindo ao governo americano intervir  em favor da Boeing Co, como interveio na concorrência para a montagem do SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia), pelo Brasil, e assegurou a vitória da Raytheon, a companhia encarregada da manutenção e serviços de engenharia da estação de interceptação de satélites do sistema  ECHELON, em  Sugar Grove.

Carta Maior: Um dos temas centrais de seus últimos trabalhos é a configuração do Império Americano. Qual é a particularidade desse Império Americano hoje? Trata-se de um Império no sentido tradicional do termo ou de um novo tipo?

Moniz Bandeira: Todos os impérios têm particularidades, que são determinadas pelo desenvolvimento das forças produtivas. Assim, não obstante a estabilidade das palavras, o conceito deve evoluir conforme a realidade que ele trata de representar. O império, na atualidade, tem outras características, as características do ultra-imperialismo, o cartel das potências industriais, sob a hegemonia dos Estados Unidos, que configuram a única potência capaz de executar uma política de poder, com o objetivo estratégico de assegurar fontes de energia e de matérias primas, bem como os investimentos e mercados de suas grandes corporações, mediante a manutenção de bases militares, nas mais diversas regiões do mundo, nas quais avança seus interesses, através da mídia, ações encobertas dos serviços de inteligência, lobbies, corrupção, pressões econômicas diretas ou indiretas, por meio de organizações internacionais, como Banco Mundial, FMI, onde detém posição majoritária. As guerras, para o consumo dos armamentos e aquecimento da economia, foram transferidas para a periferia do sistema capitalista.

É óbvio, portanto, que o Império Americano é diferente do Império Romano e do Império Britânico. Ainda que informal, isto é, não declarado, os Estados Unidos constituem um império. São a única potência, com bases militares em todas as regiões do mundo e cujas Forças Armadas não têm como finalidade a defesa das fronteiras nacionais, mas a intervenção em outros países. Desde sua fundação, em 1776, os Estados Unidos estiveram at war 214 em seus 236 anos do calendário de sua existência, até dezembro de 2012. Somente em 21 anos não promoveram qualquer guerra. E, atualmente, o governo do presidente Barack Obama promove guerras secretas em mais de 129 países. O Império Americano (e, em larga medida, as potências industriais da Europa) necessita de guerras para manter sua economia em funcionamento, evitar o colapso da indústria bélica e de sua cadeia produtiva, bem como evitar o aumento do número de desempregados e a bancarrota de muitos Estados americanos, como a Califórnia, cuja receita depende da produção de armamentos. 

Ademais do incomparável poderio militar, os Estados Unidos também detém o monopólio da moeda de reserva internacional, o dólar, que somente Washington pode determinar a emissão e com a emissão de papéis podres e postos em circulação, sem lastro, financiar seus déficits orçamentários e a dívida pública. Trata-se de um "previligégio exorbitante", conforme o general Charles de Gaulle definiu esse unipolar global currency system, que permite aos Estados Unidos a supremacia sobre o sistema financeiro internacional.

Carta Maior: Qual a perspectiva de longo prazo desse império? 

Moniz Bandeira: Os Estados Unidos, como demonstrei nesse meu novo “A Segunda Guerra Fria”, lançado pela editora Civilização Brasileira, estão empenhados em consolidar uma ordem global, um império planetário, sob sua hegemonia e da Grã-Bretanha, conforme preconizara o geopolítico Nicholas J. Spykman, tendo os países da União Européia e outros como vassalos. O próprio presidente Obama  reafirmou, perante o Parlamento britânico, em Westminster (maio de 2011) que a “special relationship” dos dois países (Estados Unidos e Grã-Bretanha), sua ação e liderança eram indispensáveis à causa da dignidade humana, e os ideais e o caráter de seus povos tornavam “the United States and the United Kingdom indispensable to this moment in history”. Entremente, o processo de globalização econômica e política, fomentado pelo sistema financeiro internacional e pelas grandes corporações multinacionais, estava a debilitar cada vez mais o poder dos Estados nacionais, levando-os a perder a soberania sobre suas próprias questões econômicas e sociais, bem como de ordem jurídica. 

O Project for the New American Century, dos neo-conservadores  e executado pelo ex-presidente George W. Bush inseriu os Estados Unidos em um estado de guerra permanente, uma guerra infinita e indefinida, contra um inimigo assimétrico, sem esquadras e sem força aérea, com o objetivo de implantar a full spectrum dominance, isto é, o domínio completo da terra, mar, ar e ciberespaço pelos Estados Unidos, que se arrogaram à condição de única potência verdadeiramente soberana sobre a Terra, de  "indispensable nation" e “exceptional”.  

O presidente Barack Obama  endossou-o, tal como explicitado na Joint Vision 2010 e ratificado pela Joint Vision 2020, do Estado Maior-Conjunto, sob a chefia do general de exército Henry Shelton. E o NSA é um dos intrumentos para implantar a full spectrum dominance, uma vez que monitorar as comunicações de todos os governantes tanto aliados quanto rivais é essencial para seus propósitos. Informação é poder
 
Carta Maior: Qual o contraponto possível a esse império no ambiente geopolítico atual?

Moniz Bandeira: Quando em 2006 recebi o Troféu Juca Pato, eleito pela União Brasileira de Escritores "Intelectual do ano 2005", por causa do meu livro “Formação do Império Americano”, pronunciei um discurso, no qual previ que, se o declínio do Império Romano durou muitos séculos, o declínio do Império Americano provavelmente levará provavelmente algumas décadas. O desenvolvimento das ferramentas eletrônicas, da tecnologia digital, imprimiu velocidade ao tempo, e a sua queda será tão vertiginosa, dramática e violenta quanto sua ascensão. Contudo, não será destruído militarmente por nenhuma outra potência. Essa perspectiva não há. O Império Americano esbarrondará sob o peso de suas próprias contradições econômicas, de suas dívidas, pois não poderá indefinidamente emitir dólares sem lastros para comprar petróleo e todas as mercadorias das quais depende, e depender do financiamento de outros países, que compram os bonus do Tesouro americano, para financiar seu consumo, que excede a produção, e financiar suas guerras. 

É com isto que a China conta. Ela é o maior credor dos Estados Unidos, com reservas de cerca US$ 3,5 trilhões, das quais apenas US$ 1,145 trilhão estavam investidos em U.S. Treasuries. E o  ex-primeiro-ministro Wen Jiabao  previu o “primeiro estágio do socialismo para dentro de 100 anos”, ao afirmar que o Partido Comunista persistiria executando as reformas e inovação a fim de assegurar o vigor e vitalidade e assegurar o socialismo com as características chinesas, pois “sem a sustentação e pleno desemvolvimento das forças produtivas, seria impossível alcançar a equidade e justiça social, requesitos essenciais do socialismo.”

Carta Maior: Na sua opinião, o que um país como o Brasil pode fazer para enfrentar esse cenário?

Moniz Bandeira: O ministro-plenipotenciário do Brasil em Washington, Sérgio Teixeira de Macedo, escreveu, em 1849, que não acreditava que houvesse “um só país civilizado onde a idéia de provocações e de guerras seja tão popular como nos Estados Unidos”. Conforme percebeu, a “democracia”, orgulhosa do seu desenvolvimento, só pensava em conquista, intervenção e guerra estrangeira, e preparava, de um lado, a anexação de toda a América do Norte e, do outro, uma política de influência sobre a América do Sul, que se confundia com suserania. 

O embaixador do Brasil em Washington, Domício da Gama, comentou, em 1912, que o povo americano, formado com o concurso de tantos povos, se julgava diferente de todos eles e superior a eles. E acrescentou que “o duro egoísmo individual ampliou-se às proporções do que se poderia chamar de egoísmo nacional”. Assim os Estados Unidos sempre tenderam e tendem a não aceitar normas ou limitações jurídicas internacionais, o Direito Internacional, não obstante o trabalho de Woodrow Wilson para formar a Liga das Nações e de Franklin D. Roosevelt para constituir a ONU. E o Brasil, desde 1849, esteve a enfrentar a ameaça dos Estados Unidos que pretendiam assenhorear-se da Amazônia. 

Agora, a situação é diferente, mas, como adverti diversas vezes, uma potência, tecnologicamente superior, é muito mais perigosa quando está em declínio, a perder sua hegemonia e quer conservá-la, do que quando expandia seu império. Com as descobertas das jazidas pré-sal, o Brasil entrou no mapa geopolítico do petróleo. As ameaças existem, conquanto possam parecer remotas. Mas o Direito Internacional só é respeitado quando uma nação tem capacidade de retaliar. O Brasil, portanto, deve estar preparado para enfrentar, no mar e em terra, e no ciberespaço, os desafios que se configuram, lembrando a máxima “se queres a paz prepara-te para a guerra” (Si vis pacem,para bellum)
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GEOPOLÍTICA - O dragão arma o bote no Tio Sam!

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Reproduzimos abaixo artigo do Pepe Escobar, antecedido de breve apresentação do Fernando Brito, do Tijolaço, que antevê uma mudança tectônica nas relações geopolíticas mundiais. O dragão chinês se prepara para engolir o Tio Sam, o que será extremamente saudável para a nova ordem mundial.


A China sente a sua hora e abre suas asas
Por Fernando Brito, no Tijolaço.
Graças ao meu antenadíssimo amigo Sérgio Caldieri, companheiro de 30 anos de combates, chega-me às mãos o artigo do jornalista e escritor (brasileiro) Pepe Escobar.
Depois de ser um dos principais nomes da Ilustrada, da Folha, nos anos 80, Escobar passou a correr o mundo, morando em Los Angeles, Paris, Milão, Singapura, Bangkok e Hong Kong e escrevendo para jornais da região, entre eles a rede Al Jazeera.
Hoje, é correspondente do Asian Times e o que diz é para ser lido com a atenção que merece quem, há mais de 20 anos, vem observando o que se passa no outro lado de um mundo que, depois do fim da guerra fria, todos passaram a achar que tinha um lado só.
*
O nascimento do mundo “desamericanizado”
Por Pepe Escobar
É isso. A China decidiu que “basta!” Tirou as luvas (diplomáticas). É hora de construir um mundo “desamericanizado”. É hora de “uma nova moeda internacional de reserva” substituir o dólar norte-americano.
Está tudo lá, escrito, em editorial da rede Xinhua, saído diretamente da boca do dragão. E ainda estamos em 2013. Apertem os cintos – especialmente as elites em Washington. Haverá fortes turbulências.
Longe vão os dias de Deng Xiaoping de “manter-se discreto”. O editorial da Xinhua mostra, em formato sintético, a gota d’água que fez transbordar o copo do dragão: o atual ‘trancamento’ (shutdown) nos EUA. Depois da crise financeira provocada por Wall Street, depois da guerra do Iraque, um mundo “desentendido”, não só a China, quer mudança.
Esse parágrafo não poderia ser mais explícito:
“Sobretudo, em vez de honrar seus deveres como potência liderante responsável, uma Washington interessada só em si mesma abusa de seu status de superpotência e gera caos ainda mais profundo no planeta, disseminando riscos financeiros para todo o mundo, instigando tensões regionais e disputas territoriais, e guerreando guerras ilegítimas, sob o manto de deslavadas mentiras.
A solução, para Pequim, é “desamericanizar” a atual equação geopolítica – a começar por dar voz mais ativa no FMI e no Banco Mundial a economias emergentes e ao mundo em desenvolvimento, o que deve levar à “criação de uma nova moeda internacional de reserva, a ser criada para substituir o dólar norte-americano hoje dominante”.
Observe-se que Pequim não advoga a sumária extinção do sistema de Bretton Woods – não, pelo menos, já; quer, isso sim, mais poder para decidir. Parece razoável, se se considera que a China tem peso apenas ligeiramente superior ao da Itália, no FMI. A “reforma” do FMI – ou coisa parecida – está em andamento desde 2010, mas Washington, como seria de esperar, vetou todas as alterações substanciais, até agora.
Quanto ao movimento para afastar-se do dólar norte-americano, também já está em andamento, com graus variados de velocidade, especialmente no que diga respeito ao comércio entre os países BRICS, as potências emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que já está sendo feito, hoje, predominantemente, nas respectivas moedas. O dólar norte-americano está lentamente, mas firmemente, sendo substituído por uma cesta de moedas.
A “des-Americanização” também já está em curso. Considere-se, por exemplo, a ofensiva de charme dos chineses pelo Sudeste Asiático, que está acentuadamente começando a inclinar-se na direção de mais ação com principal parceiro econômico daqueles países, a China. O presidente Xi Jinping da China, fechou vários negócios com a Indonésia, a Malásia e também com a Austrália, apenas umas poucas semanas depois de ter fechado outros vários negócios com os ‘-stões’ da Ásia Central.
A empolgação chinesa com promover a Rota da Seda de Ferro alcançou nível de febre, com as ações das empresas chinesas de estradas de ferro subindo à estratosfera, ante o projeto de uma ferrovia de trens de alta velocidade até e através da Tailândia já virando realidade. No Vietnã, o premiê chinês Li Keqiang selou um entendimento segundo o qual querelas territoriais entre dois países no Mar do Sul da China não interferirão com mais e novos negócios. Pode-se chamar de “pivotear-se” para a Ásia.
Todos a bordo do petroyuan
Todos sabem que Pequim possui himalaias de bônus do Tesouro dos EUA – cortesia daqueles massivos superávits acumulados ao longo dos últimos 30 anos, mais uma política oficial de manter lenta, mas segura, a apreciação do yuan.
E Pequim, simultaneamente, age. O yuan está também lenta, mas em segurança, se tornando mais conversível nos mercados internacionais. (Semana passada, o Banco Central Europeu e o Banco do Povo da China firmaram acordo para uma troca de moeda (orig. swap) de US$45-$57 bilhões, que aumentará a força internacional do yuan e melhorará seu acesso ao comércio financeiro na área do euro.)
A data não oficial para a total conversibilidade do yuan cairá em algum ponde entre 2017 e 2020. A meta é clara: afastar-se de qualquer respingo da dívida dos EUA, o que implica que, no longo prazo, Pequim está-se afastando desse mercado – e, assim, tornando muito mais caro, para os EUA, tomarem empréstimos. A liderança coletiva em Pequim já fechou posição sobre isso e está agindo nessa direção.
O movimento na direção da plena conversibilidade do yuan é tão inexorável quanto o movimento dos BRICS na direção de uma cesta de moedas que, progressivamente, substituirá o dólar norte-americano como moeda de reserva. Até lá, mais adiante nessa estrada, materializa-se o evento cataclísmico real: o advento do petroyuan – destinado a ultrapassar o petrodólar, tão logo as petromonarquias do Golfo vejam de que lado ventam os ventos históricos. Então, o bate-bola geopolítico será outro, completamente diferente.
Pode ser processo longo, mas é certo que o famoso conjunto de instruções de Deng Xiaoping está sendo progressivamente descartado: “Observe com calma; proteja sua posição; lide com calma, com as questões; esconda nossas capacidades e aposte no nosso tempo; seja discreto; e jamais reclame a liderança.”
Uma mistura de cautela e escamoteamento, baseada na confiança que os chineses têm na história, e levando em consideração uma grave ambição de longo prazo – era Sun Tzu clássico. Até aqui, Pequim andou devagar; deixando que o adversário cometa erros fatais (e que coleção de erros de multi-trilhões de dólares…); e acumulando “capital”.
Agora, chegou a hora de capitalizar. Em 2009, depois da crise financeira provocada por Wall Street, ainda havia chineses que resmungavam contra “o mau funcionamento do modelo ocidental” e, em suma, contra o “mau funcionamento da cultura ocidental”.
Beijing ouviu [Bob] Dylan (legendado em mandarim?) e concluiu que, sim, the times they-are-a-changing [os tempos estão mudando].Sem que se veja nem sinal de avanço social, econômico e político – o ‘trancamento’ [shutdown] nos EUA seria outra perfeita ilustração, se se precisasse de ilustração – de que os EUA deslizam tão inexoravelmente quanto a China, pena a pena, vai abrindo as asas para comandar a pós-modernidade do século 21.
Que ninguém se engane: as elites de Washington lutarão contra, como se estivessem ante a pior das pragas. Mesmo assim, a intuição de Antonio Gramsci precisa ser atualizada: a velha ordem morreu, e a nova ordem está um passo mais perto de nascer.

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GEOPOLÍTICA - O Brasil e a América Latina.


O Brasil e a América Latina, segundo Perry Anderson – por Marco Aurélio Weissheimer




O neoliberalismo segue aprofundando seu poder no mundo. Só na América do Sul a direção adotada tem sido a contrária, com maior ênfase no papel do Estado e no controle público e menos nas privatizações. A América Latina está no contrafluxo, sendo portadora de uma esperança que não existe em nenhum outro lugar do mundo hoje. E esse processo traz uma novidade importante. A maior nação do continente, o Brasil, não está na retaguarda como estava em 1820, mas sim na linha de frente. O Brasil foi o primeiro país latino-americano a cancelar uma viagem aos EUA, que costuma ser um tradicional exercício de humildade para os governos da região. Tudo isso ainda é uma obra em andamento, concluiu, mas é um processo no contrafluxo da ideologia mundial dominante que representa uma esperança para outros lugares do mundo.

A avaliação é do historiador marxista britânico, Perry Anderson, que esteve em Porto Alegre, segunda-feira (14), para uma conferência no evento Fronteiras do Pensamento. De 1815 a 2013: a América Latina e o concerto político das nações. Esse foi o tema abordado pelo historiador na conferência proferida no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Perry Anderson partiu de uma sugestão básica: a coisa mais próxima do sistema internacional de estados que vemos no início do século 21 é a ordem política estabelecida na Europa, na primeira metade do século 19, com o Congresso de Viena, conferência entre embaixadores das grandes potências europeias de então, realizada entre 1814 e 1815, com o objetivo de redesenhar o mapa político do continente após a derrota de Napoleão. Essa conferência, assinalou o historiador, resulto em um novo concerto político entre as nações europeias que se estendeu até por volta de 1853, quando eclodiu a Guerra da Crimeia. Esse concerto instituiu uma frente política entre as cinco grandes potências da época – Inglaterra, Rússia, Prússia, Áustria e França - cujos objetivos principais eram evitar o surgimento de levantes revolucionários e de novas guerras no território europeu.

Os governos dessas potências formaram uma pentarquia com o objetivo de preservar a paz no continente e, é claro, defender seus interesses políticos e econômicos. Assim como ocorre em nossos dias, como nos casos do Iraque e do Afeganistão, os integrantes da pentarquia do Congresso de Viena enfrentaram tentativas de sublevações no território europeu. Essas tentativas vieram, indicou Perry Anderson, e foram reprimidas na Itália, na Espanha e na Hungria, por tropas da Áustria, da França e da Rússia, respectivamente. Estabeleceu-se uma forma de equilíbrio, uma coordenação estabilizadora, que a Europa até então não conhecia. Durante cerca de quarenta anos, até a Guerra da Crimeia, não houve qualquer guerra importante na Europa e nenhuma sublevação.

Esse período costuma ser apontado por historiadores como um avanço civilizatório, assinalou ainda Perry Anderson. Desde o Renascimento a Europa não conhecera um período de paz tão prolongado. Os países que compunham a pentarquia tinham, é certo, importantes diferenças entre si. A Rússia czarista estava numa categoria a parte, pois ainda era uma monarquia feudal. A Grã-Bretanha, por sua vez, era a única potência capitalista avançada. Esses dois países eram as duas potências militares da época: a Grã-Bretanha possuindo o maior poder naval, e a Rússia o maior poder terrestre. Esses dois poderes hegemônicos, destacou o historiador, expandiram seus impérios, enquanto os demais disputaram franjas na periferia (a França, na Argélia e na Indochina, por exemplo, os Estados Unidos no México e outros países europeus na África, especialmente).

O que vai acabar destruindo a paz de Viena são conflitos na periferia desses impérios, como ocorreu com o barril de pólvora dos Balcãs que detonou a Primeira Grande Guerra Mundial. A partir daí, instala-se um período de anarquia competitiva entre as grandes potências que resultará em duas sangrentas guerras mundiais, como se sabe. Depois, entre 1945 e 1989, o sistema político internacional será regido pela Guerra Fria, com dois blocos opostos disputando influência no mundo. Esse período chegará ao fim em 1991, com a desaparição da União Soviética. Hoje, destacou Perry Anderson, vivemos outra metamorfose do sistema político internacional com o surgimento de uma espécie de nova pentarquia, constituída por Estados Unidos, União Europeia, Rússia China e Índia. O historiador apontou as particularidades desses novos candidatos a donos do mundo:

A União Europeia comanda o maior PIB do planeta, mas segue sendo uma confederação incompleta de Estados. A Rússia, embora bem menor que a União Soviética, ainda possui a maior massa de terras do mundo e o segundo arsenal nuclear. A Índia, em breve, será o país mais populoso do mundo e também é uma potência nuclear. Os Estados Unidos são o maior poder econômico, financeiro, tecnológico e militar. E a China é um regime comunista que preside a economia mais dinâmica do pós-guerra.

Na avaliação de Perry Anderson, estamos vivendo um lento processo de cristalização de um consenso entre essas nações. Um consenso baseado em algo mais prosaico, do que ocorreu no Congresso de Viena, mas, por outro lado, mais complexo. O perigo maior não é a ameaça da guerra, mas sim a interdependência econômica que prende essas nações em um abraço mútuo. “As principais ameaças para a estabilidade vêm da possibilidade de desordem econômica. É por isso que algo equivalente ao que foi feito no Congresso de Viena, foi criado por meios dos fóruns do G4, G7 e G20”, observou o historiador.

O risco maior para a estabilidade política internacional hoje, enfatizou, é o estouro de crises financeiras como a que ocorreu em 2008. “O início do século 21 está muito distante do universo polarizado do pós-guerra. A globalização unificou os interesses objetivos subjacentes desses países e a legitimidade interna dessas grandes potências depende da manutenção do crescimento econômico. O temor comum de todas elas é o de um colapso desse crescimento”.

E a América Latina o que tem a ver com tudo isso? Perry Anderson estabeleceu um paralelo entre os movimentos de independência e de libertação colonial que ocorreram no continente latino-americano quando o sistema político europeu era regido pelo Congresso de Viena e o recente ciclo de governos progressistas na região que caminham na contramão da ortodoxia neoliberal que domina a economia mundial. Quando a contrarrevolução triunfou na Europa, com o Congresso de Viena, a América Latina viveu um momento de emancipação. Um dos fatores que contribuiu para isso, no âmbito da política europeia, foi o enfraquecimento da Espanha que era objeto de preocupação por parte da pentarquia. Em 1823, exemplificou o historiador, uma revolução liberal na Espanha foi esmagada pela França. E será a Grã-Bretanha que ditará as condições e os termos da independência brasileira.

Com o colapso do sistema do Congresso de Viena, a América Latina ganhou espaço para respirar e se reavivar politicamente. A primeira grande revolução do século XX, lembrou Anderson, ocorreu no México. “Os Estados Unidos estavam muito preocupados com a Primeira Guerra Mundial e a situação de anarquia internacional”. Seguiram-se outros processos revolucionários em países como Nicarágua, El Salvador, Cuba, Bolívia, Chile, Peru e Venezuela, entre outros. Onda após onda, as revoltas populares marcaram a América Latina no século 20. No último quarto do século, houve uma guinada neoliberal em praticamente todo o continente. Pela primeira vez, destacou o historiador, o continente estava alinhado com a ideologia dominante do capitalismo global.

No século 21, isso mudará abruptamente com o surgimento de governos de esquerda e progressistas na Venezuela, Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Equador, Peru e Chile. “Raramente essas experiências se articulavam como ocorreu no início deste século”, apontou. Nenhuma dessas experiências é igual, reconheceu Perry Anderson, mas elas apresentam um fato comum. “Com todas as restrições e ressalvas necessárias, há um fato que é expressivo. O neoliberalismo segue aprofundando seu poder no mundo. Só na América do Sul a direção adotada tem sido a contrária, com maior ênfase no papel do Estado e no controle público e menos nas privatizações. Esse é um panorama similar ao que tivemos no século 19. Com as guerras no Iraque e no Afeganistão, os Estados Unidos deixaram a região um pouco de lado. A América Latina está no contrafluxo, sendo portadora de uma esperança que não existe em nenhum outro lugar do mundo hoje”.

E uma novidade importante desse processo, disse ainda Anderson, é que a maior nação do continente, o Brasil, não está na retaguarda como em 1820, mas sim na linha de frente. “O Brasil não faz parte da pentarquia (“por não ter armas nucleares e estar muito longe da Eurásia, entre outras razões”, mas em vez disso, oferece ao mundo um novo horizonte de reformas sociais”. Falando sobre o recente episódio da espionagem praticada pela Agência Nacional de Segurança dos EUA contra o governo e empresas do Brasil, Perry Anderson destacou a reação da presidenta Dilma Rousseff: “Foi o primeiro país latino-americano a cancelar uma viagem aos EUA, que costuma ser um tradicional exercício de humildade para os governos da região”. Tudo isso ainda é uma obra em andamento, concluiu, mas é “um processo no contrafluxo da ideologia mundial dominante que representa uma esperança para outros lugares do mundo”.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/
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Descanse em paz, dependência do Ocidente

Eis uma listinha curta, levando em conta só alguns fatos bem recentes:

  • A cara da África tá mudando. Pontes e outras obras de infraestrutura pipocam por todos os lados. A razão é a grana chinesa, 9 bilhões de dólares nos últimos seis anos. 
    • Moral da história: a África não depende do Ocidente pra se desenvolver. 
  • No Fórum Social Mundial, Lula dá a real: o Ocidente tá cagando e andando para a fome e a miséria pelo mundo afora, só tem olhos pro próprio umbigo. 
    • Moral da história: se queremos justiça e desenvolvimento, temos que contar só com nós mesmos. 
  • Cuba ganha cabos de fibra ótica, com a ajuda da Venezuela, China, Jamaica (e também França, é verdade). 
    • Moral da história: O Caribe vai se desenvolvendo, apesar do esforço estadunidense em contrário. 
  • O melhor de todos os fatos: o povo egípcio, incluindo mulheres, sai às ruas para exigir a realização nacional de uma organização social tipicamente atribuída aos povos ocidentais, a democracia -- mas os ocidentais vacilam em apoiar, acham que não é uma boa ideia
    • Moral da história: não é preciso ter apoio de ocidentais para defender aqueles que são considerados seus valores intrínsecos. 
  • A coisa da dispensabilidade do Ocidente vale até para o mal: ante a remotíssima possibilidade dos EUA tirarem o 1,5 bilhão de dólares de "ajuda militar" ao Egito, o rei (ditador?) da Arábia liga o foda-se, e diz que se os EUA tirarem a grana, ele a dará para Mubarak em seu lugar
    • Moral da história: o exército do Egito não depende do Ocidente pra ter sua bolsa-ditadura. 
Dá para continuar listando fatos como esses por bastante tempo. Todos têm a mesma moral: seja qual for a meta, boa ou má, o mundo vai dando um jeito de seguir seu caminho independentemente do apoio do tal do Ocidente. 
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